Quando dia 09 de novembro cai num domingo a Igreja celebra a liturgia da “Dedicação da Basílica do Latrão”, a Catedral de Roma. A dedicação de uma igreja significa consagrá-la a Deus. O Pontifical Romano orienta como deve ser a construção: “a igreja deve ser adequada às celebrações sacras, bela, resplandecente de nobre formosura e não de mera suntuosidade e verdadeiramente sinal e símbolo das realidades celestes”. Depois de construída, a igreja seja dedicada ou abençoado. Para recordar a história da dedicação da Basílica do Latrão, o significado e o importância das catedrais e igrejas dedicadas, transcrevo a mensagem de Bento XVI proferida em 09 de novembro de 2009, na Praça de São Pedro.
“A liturgia faz-nos celebrar hoje a Dedicação da Basílica Lateranense, chamada “mãe e cabeça de todas as igrejas da cidade e do mundo”. De fato, esta basílica foi a primeira a ser construída depois do Edito do imperador Constantino que, em 313, concedeu aos cristãos a liberdade de praticar a sua religião. O mesmo imperador doou ao Papa Melquíades a antiga propriedade da família Lateranenses e nela fez construir a Basílica, o Batistério e a “Patriarquia”, ou seja, a residência do Bispo de Roma, onde os papas habitaram até ao período de Avinhão (1309-1377).
A Dedicação da Basílica foi celebrada pelo Papa Silvestre por volta de 324 e o templo foi intitulado ao Santíssimo Salvador; só por volta do século VI foram acrescentados os títulos dos Santos João Batista e João Evangelista, que deram origem à comum denominação. Esta data interessou primeiro só a cidade de Roma; depois, a partir de 1565, alargou-se a todas as Igrejas do rito romano. Desta forma, honrando o edifício sagrado, pretende-se expressar amor e veneração à Igreja romana que, como afirma Santo Inácio de Antioquia, “preside na caridade” toda a comunhão católica (Rm1,1).
A Palavra de Deus nesta solenidade recorda uma verdade fundamental: o templo de pedra é símbolo da Igreja viva, a comunidade cristã, que já os Apóstolos Pedro e Paulo, nas suas cartas, significavam como “edifício espiritual”, construído por Deus com as “pedras vivas” que são os cristãos, sobre o único fundamento que é Jesus Cristo, por sua vez comparado com a “pedra angular” (Cf.1Cor 3,9-11.16-17; 1Pd 2,4,8; Ef 2,2-22). “Irmãos, vós sois edifício de Deus”, escreve São Paulo e acrescenta: “Santo é o templo de Deus, que sois vós” (1 Cor 3,9.17).
A beleza e a harmonia das igrejas, destinadas a prestar louvor a Deus, convida também nós seres humanos, limitados e pecadores, a converter-nos para formar um “cosmos”, uma construção bem ordenada, em estreita comunhão com Jesus, que é o verdadeiro Santo dos Santos. Isto acontece de modo culminante na liturgia eucarística, na qual a “ecclesia”, isto é, a comunidade dos batizados, se reúne para ouvir a Palavra de Deus e para se alimentar do Corpo e Sangue de Cristo. Em volta desta dúplice mesa a Igreja de pedras vivas edifica-se na verdade e na caridade e é plasmada pelo Espírito Santo transformando-se no que recebe, conformando-se cada vez mais com o seu Senhor Jesus Cristo. Ela mesma, se vive na unidade sincera e fraterna, torna-se assim sacrifício espiritual agradável a Deus.
Queridos amigos, a festa de hoje celebra um Mistério sempre atual: isto é, que Deus quer edificar no mundo um templo espiritual, uma comunidade que o adore em “espírito e verdade” (Cf. 4,23-24). Mas esta celebração recorda também a importância dos edifícios materiais, nos quais as comunidades se reúnem para celebrar o louvor de Deus. Cada comunidade tem, portanto, o dever de conservar com cuidado os próprios edifícios sagrados, que constituem um precioso patrimônio religioso e histórico. Invoquemos então a intercessão de Maria Santíssima, para que nos ajude a tornar-nos como ela, “casa de Deus”, templo vivo do seu amor”.
Dom Rodolfo Luís Weber – Arcebispo de Passo Fundo










