A vereadora Elisane Rodrigues dos Santos (PT), de 49 anos, foi encontrada morta com múltiplas facadas na manhã de terça-feira (17), em uma estrada de terra no interior de Formigueiro, na Região Central do Rio Grande do Sul. Técnica de enfermagem e única mulher entre os nove parlamentares do município, Elisane era reconhecida por sua atuação em defesa dos direitos das comunidades quilombolas e das mulheres.
De acordo com a Polícia Civil, o corpo estava caído ao lado do carro da vereadora, com diversos ferimentos pelo corpo e um corte profundo no pescoço. A suspeita é de que as agressões tenham começado ainda dentro do veículo, onde foram identificados vestígios de sangue no banco e no para-brisas. “Imagino que ela tenha caído ao lado do carro depois”, relatou o delegado Antonio Firmino, responsável pela investigação.
Elisane havia participado da sessão da Câmara Municipal na noite de segunda-feira (16), e a polícia acredita que o crime tenha ocorrido poucas horas depois. A principal linha de investigação aponta que uma ou mais pessoas conhecidas da vereadora a atraíram até o local para cometer o assassinato. A hipótese de latrocínio está descartada, pois todos os pertences foram encontrados no carro.
A vereadora foi eleita em 2024 para seu primeiro mandato e teve trajetória marcada pelo compromisso com causas sociais. Atuava também como técnica de enfermagem e auxiliar de análises clínicas no hospital da cidade. Em março deste ano, foi homenageada com o Prêmio Mulheres de Luta 2025 pela Assembleia Legislativa do RS.
A morte de Elisane provocou comoção entre lideranças políticas e movimentos sociais. “Ela era uma mulher que enfrentava com coragem o machismo institucional da política e que representava tantas outras mulheres da sua cidade”, destacou Marina Callegaro, procuradora especial da Mulher no RS. O deputado estadual Valdeci Oliveira (PT) também prestou homenagem: “Elisane não media esforços, tempo e energia para aquilo em que acreditava”.
A prefeitura de Formigueiro decretou três dias de luto oficial e, em nota, manifestou pesar e solidariedade à comunidade. O Partido dos Trabalhadores também se pronunciou, afirmando que “sua morte não pode ser naturalizada” e destacando o legado de luta e empatia deixado por Elisane.
O corpo foi encaminhado para perícia em Santa Maria. A Polícia Civil segue com as investigações e já possui suspeitos. Nenhuma motivação está descartada até o momento.
