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Delegado Diogo Ferreira alerta sobre risco invisível na internet após ataque em escola do RS Para o delegado, tragédia em Estação expõe a vulnerabilidade de crianças e adolescentes diante de influências nocivas no ambiente virtual

Após o ataque que resultou na morte de um menino de 9 anos e deixou outras três pessoas feridas em uma escola no município de Estação, no norte do Rio Grande do Sul, o delegado Diogo Ferreira, especialista em segurança preventiva, fez um alerta contundente sobre a necessidade urgente de maior atenção das famílias ao comportamento dos filhos, especialmente no ambiente digital.

O crime aconteceu na manhã da terça-feira (08), quando um adolescente de 16 anos entrou na Escola Municipal Maria Nascimento Giacomazzi armado com um facão, uma faca doméstica, um rojão e um bastão. Ele atacou alunos e professores, causando a morte de Vitor André Kungel Gambirazi, de apenas 9 anos, e deixando feridas duas meninas de 8 anos e uma professora de 34 anos, que tentou conter o agressor. A rápida ação de educadoras e servidores da escola evitou que o número de vítimas fosse ainda maior. O agressor foi contido e apreendido logo em seguida, sendo internado sob medida socioeducativa. A Polícia Civil segue investigando a motivação do ataque e analisa o conteúdo do celular do adolescente, em busca de influências externas, como a participação em fóruns violentos, jogos eletrônicos ou redes sociais.

Em entrevista ao Grupo Planalto de Comunicação, o delegado Diogo Ferreira destacou que casos como esse não são isolados ou acontecem por acaso. Segundo ele, são o resultado de uma série de fatores acumulados, muitos deles ignorados ou minimizados no cotidiano familiar.

“Precisamos refletir com seriedade sobre por que isso aconteceu. Não foi por um detalhe, mas por uma combinação de fatores que se acumulam ao longo do tempo. Muitos começam em casa, com a falta de diálogo, de acompanhamento e de atenção às mudanças de comportamento dos filhos. Os pais precisam mudar a postura, conversar, entender com quem os filhos estão interagindo, principalmente na internet. Às vezes acham que o filho está seguro no quarto jogando, mas é ali que ele pode estar mais vulnerável do que se imagina”, afirmou.

Ferreira alertou que criminosos, aliciadores e influenciadores de conteúdo violento atuam principalmente no ambiente digital, muitas vezes por meio de jogos online, fóruns ou aplicativos de mensagens, influenciando crianças e adolescentes com ideias distorcidas e comportamentos perigosos. O delegado relatou que, ao longo de sua trajetória de mais de 15 anos na Polícia Civil do Rio Grande do Sul, percebeu um padrão se repetindo em diversos crimes investigados.

“Vi muitas famílias destruídas por crimes que poderiam ter sido evitados. A maioria dos casos apresentava sinais prévios, mas os pais não sabiam o que observar, nem como reagir. Foi isso que me motivou a criar os 100 Protocolos de Segurança, uma metodologia prática voltada para a prevenção, acessível a qualquer família, mesmo sem experiência anterior em segurança”, explicou.

O delegado reforçou que, embora a assistência psicológica seja importante, ela precisa vir acompanhada da presença ativa dos pais na vida dos filhos. Mudanças de comportamento, isolamento repentino, alteração no padrão de sono, queda no rendimento escolar ou rejeição ao convívio social podem ser sinais de alerta.

“Não basta apenas encaminhar o filho ao psicólogo e acreditar que está tudo resolvido. É preciso estar presente, observar, conversar, participar do que está acontecendo. Todo cuidado é pouco quando falamos da proteção das nossas crianças e adolescentes”, pontuou.

Ferreira encerrou sua fala com um apelo para que pais, mães e responsáveis se eduquem e busquem conhecimento sobre como prevenir esse tipo de situação. A tragédia em Estação comoveu todo o estado e reacendeu o debate sobre segurança escolar, saúde mental e responsabilidade familiar. A investigação conduzida pela Polícia Civil segue em sigilo, e o estado de saúde mental do adolescente segue sob avaliação de especialistas.

O menino Vitor André foi sepultado com grande comoção na cidade de Getúlio Vargas, deixando um alerta vivo para toda a sociedade.

Reportagem: Redação
Grupo Planalto de Comunicação

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