“O Ambulatório é muito importante para nós, pois temos acesso a consultas médicas completas e somos encaminhados para especialistas e exames”. A afirmação é da moradora da Terra Indígena Serrinha, no município de Ronda Alta, Elda Carvalho. Recentemente, ela acompanhou a filha Brizeis da Rosa, de 14 anos, em uma consulta de rotina no Ambulatório Indígena Pe. Elli Benincá, do Hospital São Vicente de Paulo, situado junto ao Campus da UFFS em Passo Fundo.
A filha de Elda é uma das 620 pacientes que são atendidas no local mensalmente. O espaço destinado à população indígena foi inaugurado em 2021, em uma parceria entre o Hospital São Vicente de Paulo (HSVP) e a Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS). Atualmente, o serviço é responsável pelo atendimento de mais de 20 mil indígenas de diferentes regiões do Rio Grande do Sul.
A médica do Ambulatório, Dra. Daniela Borges, explica que os pacientes são encaminhados através do Sistema de Gerenciamento de Consulta (Gercon), pelas 6ª, 11ª e 15ª Coordenadorias Regionais da Saúde. “Embora o atendimento seja voltado para casos de média e alta complexidade, muitos municípios têm defasagem de médicos na Atenção Primária, então pacientes com casos de menor complexidade também são encaminhados para o Ambulatório. Após a consulta médica, se houver necessidade, eles são encaminhados para especialistas”, explica.
Quando inaugurado, o Ambulatório recebia pacientes encaminhados via 6ª Coordenadoria Regional da Saúde. Hoje, somam-se ao atendimento indígenas de mais duas Coordenadorias, totalizando 121 municípios. “O Ambulatório é referência para mais de 75% dos indígenas do Estado, ou seja, é uma área de abrangência muito grande. A questão da resolutividade é um de nossos diferenciais: o paciente sabe que, ao ser encaminhado para o Ambulatório, ele terá o seu problema resolvido”, destaca.
Em 2023, 7.435 indígenas foram atendidos no Ambulatório. Já o número de internações hospitalares foi de 232, uma média de 19 por mês. “Com a ampliação do território de abrangência percebemos que ao mesmo tempo em que aumentou o número de consultas ambulatoriais, diminuiu o número de internações da população indígena. Esse é o resultado de um trabalho multiprofissional e minucioso que traz bons resultados”, afirma a Dra. Daniela.
Acolhimento e humanização
Para garantir um atendimento acolhedor e humanizado, com um olhar atento às diferenças culturais de cada paciente, a equipe do Ambulatório Indígena é formada por profissionais especialistas na área e colaboradores que são membros da comunidade indígena. “Alguns pacientes indígenas não se comunicam na língua portuguesa e precisam de um tradutor; se eles não trouxerem, nós disponibilizamos. Nossa equipe está empenhada em prestar um serviço de escuta e acolhimento. Entendemos que para alcançar esse objetivo precisamos levar em conta as peculiaridades culturais”, frisa a médica.
Visitas nas aldeias
O trabalho do Ambulatório Indígena também ocorre de forma itinerante, em parceria com a equipe da Secretaria de Saúde Indígena (SESAI) e a Faculdade de Medicina da UFFS. Semanalmente, a equipe se desloca para atendimento in loco nas aldeias. “Nós geralmente vamos para áreas descobertas de profissionais de saúde. Procuramos resolver o problema no local e, se não for possível, encaminhamos para o serviço para realizar uma investigação mais detalhada”, finaliza a Dra. Daniela.
Localização
O Ambulatório Indígena está situado na Rua Teixeira Soares, Nº 625, junto ao Campus da UFFS Passo Fundo. O atendimento ocorre nas segundas-feiras pela manhã e à tarde e nas terças, quintas e sextas-feiras à tarde. Para mais informações, o contato pode ser feito pelo (54) 2103-4170.
Créditos: Liliane Ferenci – Comunicação HSVP