Depois dos perrengues enfrentados após a cidade de Petrolina, parecia que nos despediríamos de Pernambuco. Mas a estrada, como sempre, guarda surpresas. Foram quase 200 quilômetros rodados a uma velocidade de 10, 15 km/h, em chão batido, com costeletas e buracos — a verdadeira porta da casa do sertão.
E dê-lhe estrada. Passa por aqui, passa por ali, até que, pelo Oeste, deixamos também a Bahia para trás e entramos no Tocantins. A Serra Geral, já na divisa, se ergueu diante de nós, imponente, revelando a beleza intacta da natureza. Um espetáculo que emociona.
Mas nem só de paisagem vive a região. Ali, pouco se produz devido às condições geográficas. O que se vê com frequência são rebanhos de gado de corte, criados com intensidade.
Seguindo adiante, o cenário se transforma: grandes lavouras em preparo, anunciando o início do plantio de soja e milho. Vem aí mais uma safra robusta, destinada a impulsionar o PIB brasileiro.
Nosso destino foi Gurupi, cidade de mais de 150 mil habitantes, com forte vocação para o agronegócio e serviços. Ali, fomos recebidos no CTG Querência do Norte pelo Patrão Zeca, que nos acolheu de braços abertos. A sexta-feira foi de tradição gaúcha, celebrada às vésperas do Dia do Gaúcho. O jantar reuniu mais de 550 pessoas e serviu uma carne de primeira, no melhor estilo do Rio Grande.
E Gurupi respira a cultura gaúcha. Muitos conterrâneos chegaram ali décadas atrás, enfrentando a distância, o calor escaldante e a saudade da terra natal. Trabalharam duro, baixaram a cabeça e conquistaram seu espaço, merecidamente.
Falando em calor, na quinta-feira os termômetros marcaram 42 graus. Já na sexta, uma chuva abençoada trouxe alívio, reduzindo a temperatura para 37 graus ao meio-dia.
No dia 20 de setembro, as comemorações farroupilhas seguiram firmes no calendário da viagem. E no dia 21, já em Brasília, a tradição gaúcha encontrou seu ponto alto com o CTG Jayme Caetano Braun, que encerra a programação com um almoço cultural, coroando essa saga que mostra: ser gaúcho no Planalto Central é resistir, adaptar-se e manter viva a chama da tradição.