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Dor, revolta e lágrimas marcam manifestação da família do menino Vitor em Estação   Família, amigos e mães de alunos da escola cobram respostas após o ataque que resultou na morte de Vitor André Kungel Gambirazi, de 9 anos  

Neste sábado (12), a cidade de Estação voltou a parar. Desta vez, para caminhar em silêncio. Famílias, amigos e moradores ocuparam as ruas em uma manifestação marcada pela dor e pela cobrança por justiça. A mobilização aconteceu quatro dias após o ataque na Escola Municipal Maria Nascimento Giacomazzi, que resultou na morte de Vitor André Kungel Gambirazi, de 9 anos, brutalmente atacado com golpes de faca.

A manifestação, acompanhada apenas pela Brigada Militar, percorreu trechos da cidade em clima de luto. O que se ouviu foi o choro contido, os passos lentos e uma indignação que cresce a cada dia. Entre os participantes estavam os pais de Vitor, ainda abalados e sem condições de falar publicamente.

Foto: Juliano André Gambirazi, pai do menino Vitor.

O pai relatou à reportagem que, até agora, não recebeu nenhum contato do poder público. Nenhuma ligação da prefeitura, nenhuma visita do Governo do Estado, nenhum gesto do Governo Federal. Tampouco recebeu suporte psicológico ou orientação.

“Quantos mais?”
A pergunta feita pelo pai de Vitor resume o sentimento de impotência: quantas vítimas mais precisam ser perdidas até que algo seja feito?

A mãe e o padrasto do menino também afirmaram que seguem aguardando qualquer tipo de acolhimento institucional. Nos últimos dias, receberam apenas o apoio de vizinhos e conhecidos. A sensação, segundo os familiares, é de abandono.

Durante a manifestação, a tia de Vitor relatou que o agressor, um adolescente de 16 anos, foi colocado dentro da ambulância logo após o ataque por um servidor municipal que seria seu tio. A ação teria sido tomada para evitar um linchamento.

Moradores afirmaram ter ouvido do servidor a frase “Aqui não vai ter herói”, o que causou revolta entre os presentes. Enquanto isso, Vitor seguia gravemente ferido, aguardando socorro. A ambulância só saiu depois que o agressor foi retirado do local. O menino não resistiu.

Foto: Everton Kungel padrasto do menino juntamente com a mãe Daiane Kungel

Outras três vítimas também ficaram feridas no ataque. Maria Júlia de Souza Kichel, de 8 anos, sofreu traumatismo craniano, passou por cirurgia e está em recuperação. A mãe, Carina Souza, relatou que a filha não dorme, tem pesadelos e sente medo constante. Stefany Poter Hertal, também de 8 anos, é outra criança atingida. A professora Patrícia Zanoni Sbeghen, de 34 anos, ficou ferida ao tentar proteger os alunos.

Mães ouvidas pela reportagem afirmaram que os filhos, colegas de Vitor, continuam relatando os momentos de terror. Algumas crianças ainda não compreendem a gravidade do que viram, mas carregam o medo. A maioria das famílias informou que não pretende retornar com os filhos à escola neste ano letivo.

Além da dor, há uma cobrança por respostas. Pais e responsáveis exigem acesso às imagens das câmeras de segurança e esclarecimentos sobre como o adolescente conseguiu entrar na escola armado. Querem saber o que falhou. Querem garantias. Querem medidas que evitem que outras crianças passem pelo mesmo.

Foto: Familiares e amigos pedem justiça
Foto: A prefeitura de Estação foi tomada por balões brancos e pedidos de Justiça

Reportagem: Redação
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