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Edifício Gralha: nove anos de abandono e o desmoronar de um sonho em Passo Fundo Estrutura condenada segue oferecendo riscos e simboliza a dor de famílias que perderam seus lares

O Edifício Gralha, no bairro Cohab 1, em Passo Fundo, permanece interditado há exatos nove anos, desde maio de 2016. O que antes era um sonho realizado para 16 famílias, hoje é apenas um esqueleto de concreto condenado, que apodrece junto com as lembranças e esperanças de quem um dia chamou aquele lugar de lar.

Construído há cerca de quatro décadas pelo sistema Cohab/RS, o prédio de quatro andares foi desocupado após laudos técnicos indicarem risco iminente de colapso estrutural. As paredes rachadas e falhas graves na escadaria forçaram a interdição do local por determinação do Corpo de Bombeiros. Desde então, o imóvel segue abandonado, com sinais avançados de deterioração.

Portas, janelas e fiação elétrica foram saqueadas. O prédio acumula lixo, pichações, marcas de vandalismo e se transformou em ponto de risco constante, com a presença frequente de moradores de rua e usuários de drogas. A estrutura exposta, com concreto e ferragens à mostra, ameaça desabar a qualquer momento, segundo relatos de moradores da região, que vivem com medo de um desmoronamento.

Em 2022, a Justiça Federal determinou que o Estado do Rio Grande do Sul deveria indenizar os proprietários por danos morais, materiais e lucros cessantes, além de providenciar a demolição e limpeza do terreno. Cada morador teria direito a cerca de R$ 85 mil por danos morais, R$ 130 mil por danos emergentes e mais R$ 550 mensais por lucros cessantes. No entanto, o Estado recorreu da decisão, e o processo continua em tramitação.

Enquanto isso, os antigos moradores seguem no limbo. Alguns ainda pagam prestações de imóveis que não podem mais habitar, outros enfrentam dificuldades em moradias temporárias. Há relatos de depressão, crises de ansiedade e adoecimento emocional causados pelos anos de abandono e incerteza.

Para quem vive no entorno do Edifício Gralha, o prédio representa mais do que uma construção em ruínas: é um símbolo de negligência e descaso com vidas humanas.

Moradores da Cohab 1 seguem aguardando que o caso tenha um desfecho justo e definitivo, com a retirada da estrutura que ameaça a segurança da comunidade e com o pagamento das compensações devidas aos ex-proprietários. Nove anos depois, o que todos esperam é que os escombros do prédio deixem de ser também os escombros de uma vida inteira de luta por dignidade.

Reportagem: Redação
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