Nos últimos dias, o influenciador digital Felipe Bressanim Pereira, conhecido como Felca, tem sido o centro de um debate que ganhou força em todo o Brasil. Com mais de 20 milhões de seguidores nas redes sociais, Felca publicou um vídeo extenso, que ultrapassa 3 milhões de visualizações em poucos dias, denunciando o que ele classifica como “adultização” e sexualização de crianças e adolescentes em conteúdos digitais produzidos por outros influenciadores. A denúncia gerou repercussão imediata, incluindo o bloqueio do perfil do influenciador Hytalo Santos e da jovem Kamylinha, envolvida no caso.
Perfil do influenciador Felca e sua trajetória na internet
Felca, natural de Londrina (PR), iniciou sua carreira na internet em 2012, inicialmente com transmissões ao vivo de jogos eletrônicos. Com o passar dos anos, diversificou seu conteúdo para incluir vídeos humorísticos e comentários sobre temas atuais, conquistando uma legião de seguidores. Sua influência é marcada pela atuação em diversas plataformas, como YouTube, TikTok e Instagram. Além disso, Felca já participou de programas televisivos e é conhecido por usar sua visibilidade para causas sociais, destinando parte dos ganhos a instituições beneficentes.
Sua mais recente investida, contudo, o colocou no centro de uma polêmica nacional ao denunciar práticas que ele considera abusivas na criação de conteúdo envolvendo menores.
A denúncia: o caso Hytalo Santos e a “adultização” de menores
No vídeo divulgado, Felca acusa diversos influenciadores de explorar sexualmente crianças e adolescentes para aumentar o engajamento e lucro com os conteúdos. Entre eles, destaca-se Hytalo Santos, natural da Paraíba, cuja conta no Instagram acumulava cerca de 17 milhões de seguidores antes de ser suspensa.
Segundo Felca, o conteúdo de Hytalo expõe menores em contextos que vão desde festas com consumo de bebidas alcoólicas até cenas de intimidade, criando um ambiente incompatível com a idade dos participantes. Um exemplo central na denúncia é a jovem Kamylinha, que teria entrado no grupo de Hytalo aos 12 anos e sido submetida a situações de exposição precoce e sexualização nas redes sociais.
Após a viralização do vídeo, os perfis tanto de Hytalo quanto de Kamylinha foram removidos do ar. O perfil da jovem, inclusive, foi bloqueado no Brasil por determinação judicial, atendendo a uma solicitação do Ministério da Fazenda, reforçando a gravidade da situação.
Aspectos legais e o combate à exploração sexual de menores
A legislação brasileira é rigorosa quanto à proteção de crianças e adolescentes contra qualquer forma de exploração sexual. O artigo 217-A do Código Penal define como crime o ato libidinoso com menor de 14 anos, com pena de 8 a 20 anos de reclusão, independente do consentimento da vítima.
Além disso, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), no artigo 241, criminaliza a produção, venda, distribuição e divulgação de material envolvendo a exploração sexual de menores, com penas de 3 a 6 anos de prisão, além de multa.
Essas leis visam proteger a integridade física, psicológica e moral dos menores, coibindo práticas que possam comprometer seu desenvolvimento saudável. A exposição de crianças e adolescentes em conteúdos que sexualizam ou expõem suas intimidades configura crime grave, passível de investigação, punição e responsabilização penal dos envolvidos.
Penas e consequências jurídicas
Os crimes relacionados à exploração e sexualização de menores nas redes sociais são tratados com rigor pela justiça brasileira. A pena pode variar conforme o tipo de crime e suas circunstâncias, mas envolve desde reclusão em regime fechado até multa e suspensão das atividades ilícitas.
Além disso, plataformas digitais têm a obrigação legal de remover conteúdos que violem direitos de menores, sob pena de responderem judicialmente por conivência ou negligência.
A ação judicial de Felca contra perfis que o acusaram
No curso da sua investigação, Felca revelou que seguiu perfis de menores em sua conta principal para coletar informações, o que gerou uma onda de acusações contra ele, inclusive de pedofilia. Em resposta, ele anunciou que pretende processar mais de 200 perfis na plataforma X (antigo Twitter) que o atacaram com acusações infundadas. Felca propôs um acordo para que os acusados façam doações de R$ 250 a instituições que combatem a exploração infantil, como alternativa ao processo judicial.
Seu advogado, João de Senzi, já divulgou uma lista com os nomes dos perfis que serão alvo das ações caso não aceitem o acordo.
Impactos sociais e responsabilidade dos influenciadores
O caso evidencia um problema crescente no universo digital: a exposição de menores a conteúdos inadequados e a irresponsabilidade de alguns influenciadores em produzir material que pode prejudicar a infância e a adolescência. Especialistas em direitos digitais e proteção infantil reforçam a importância de que criadores de conteúdo tenham consciência do impacto social de suas produções e respeitem as leis.
Além disso, há uma necessidade urgente de maior fiscalização por parte das plataformas digitais para evitar a circulação de conteúdos que violem direitos de menores e incentivem comportamentos nocivos.
Alerta para pais e responsáveis: como proteger crianças e adolescentes
A proteção dos menores no ambiente digital depende também da atuação vigilante de pais e responsáveis. É fundamental que acompanhem o que seus filhos assistem e produzem nas redes sociais, estabeleçam limites claros e mantenham um diálogo aberto sobre os riscos do mundo virtual.
Orientações para os responsáveis incluem:
- Conhecer os influenciadores e os tipos de conteúdo consumidos pelos filhos.
- Usar ferramentas de controle parental disponíveis nas plataformas digitais.
- Denunciar imediatamente qualquer material suspeito de exploração ou abuso.
- Incentivar a comunicação e a confiança para que crianças e adolescentes se sintam seguros para falar sobre o que veem e experienciam.
O “efeito Felca” ultrapassa a polêmica individual para se tornar um alerta à sociedade sobre os perigos da sexualização precoce e a exploração de menores na era digital. O caso coloca em evidência a necessidade de ações integradas entre influenciadores, plataformas, órgãos governamentais, famílias e sociedade civil para garantir a proteção e o desenvolvimento saudável de crianças e adolescentes.
Confira o vídeo na integra:
Reportagem: Redação
Grupo Planalto de Comunicação