A égua rebatizada de “Associação”, que comoveu a comunidade após ser resgatada com uma fratura exposta na BR-285 na última sexta-feira (17), segue internada em estado crítico no Hospital Veterinário (HV) da Universidade de Passo Fundo (UPF). Apesar do prognóstico “reservado a desfavorável”, o animal surpreendeu positivamente a equipe ao sobreviver a um complexo procedimento cirúrgico de oito horas.
Em entrevista ao Grupo Planalto de Comunicação nesta terça-feira (21), a professora Taline Scalco, responsável pelo grupo de equinos do HV, detalhou o quadro clínico do animal. A égua chegou à instituição na sexta-feira, encaminhada pela Prefeitura em extrema vulnerabilidade e com baixo escore corporal.
A gravidade da lesão exigiu uma cirurgia ortopédica complexa, realizada pela Dra. Júlia Zorrer e pelo professor Dr. Renato Libardoni. “Era uma fratura cominutiva [múltiplos fragmentos] no terceiro, segundo e no quarto metatarsianos”, explicou.
Devido ao prognóstico difícil, as chances de Associação sequer retornar da anestesia eram consideradas baixas. “E ela nos surpreendeu positivamente. A Associação se recuperou da anestesia”, relatou a professora.
Quadro ainda inspira cuidados intensos
Apesar da primeira vitória, a professora Taline Scalco ressalta que o animal não está fora de perigo. “Ela tá ainda numa situação crítica. Ela tá ainda num período de riscos”, afirmou.
O quadro de Associação é agravado por uma série de fatores complicadores identificados pela equipe:
- Idade: o animal é considerado geriátrico, com estimativa de idade entre 24 e 25 anos.
- Nutrição: ela apresenta um escore corporal muito baixo e condição nutricional debilitada, provavelmente agravada pela idade.
- Lesão Antiga: a fratura não era recente. “A gente consegue elucidar no transcirúrgico era que não era uma fratura recente, por toda a associação de tecidos que estavam comprometidos”, disse Scalco.
- Infecções: o animal foi encontrado com miíase (popularmente conhecida como “bicheira”) na fratura e apresenta um processo de infecção nas bainhas dos tendões na área lesionada.
O resgate
A história de Associação, inicialmente chamada de “Esperança” enquanto aguardava por resgate, começou na última quinta-feira (16), quando o Grupo Planalto de Comunicação recebeu a notícia de que uma égua com a pata quebrada estava às margens da BR-285, sob risco de invadir a pista.
Na manhã de sexta-feira (17), a equipe de reportagem foi ao local, constatou que o animal permanecia lá e acionou as autoridades. A Coordenadoria de Bem-Estar Animal e a Secretaria do Meio Ambiente de Passo Fundo realizaram o recolhimento. Conforme relatado pelo secretário Diorges Oliveira e pela coordenadora Maria de Lourdes, o animal foi encaminhado ao HV da UPF, que o acolheu. No hospital, a Prefeitura de Passo Fundo assinou como responsável pelo animal.
Para a professora Taline Scalco, o caso de Associação serve como um “pedido de socorro” e um “alerta de como a nossa sociedade está precisando dar uma atenção para esses animais”, destacando a necessidade de unir forças entre sociedade e poder público para lidar com a demanda.