O ministro das Comunicações comenta a sobreposição da Internet aos tradicionais veículos e questiona o conceito de oligopólio e concentração de propriedade do segmento.
A sobreposição da Internet aos tradicionais veículos.
O senhor é um amante das novas mídias. Tem os amantes da velha mídia, o rádio, que não conseguem ouvir uma emissora AM por causa do congestionamento. O rádio digital não vai ser implantado?
Eu também sou amante do rádio. Mais do que da televisão. O problema é que fizemos teste com três sistemas digitais, o japonês, o americano e o europeu. Chegamos à conclusão de que não temos um sistema de rádio digital que seja aplicável imediatamente ao Brasil.
Hoje temos 300 milhões de receptores de rádio no país. Todos os carros têm rádio. Para atender uma mídia tão popular, será preciso fabricar aparelhos mais baratos, que custem R$ 20,00 ou R$ 25,00.
Pelo lado das emissoras, para digitalizar, tem que haver um transmissor e um receptor que sejam viáveis para pequenas rádios. Uma rádio pequena não pode levar um transmissor que seja o olho da cara, porque ele não vai ter condições de pagar.
A rádio AM, se não tomarmos providências, pode acabar.
Por isso, estamos trabalhando com um Projeto de Lei para transferir o rádio AM para os canais 5 e 6 da radiofrequência, que hoje estão com a televisão. Vamos fazer a digitalização da TV e vamos deixar os canais 5 e 6 para o rádio AM. A minuta já está pronta e vamos enviar nos próximos meses para o Congresso Nacional. Acho que mais de 80% das emissoras vão querer migrar para esse canal.
E as FMs, vão ficar como estão?
Temos que fazer um modelo viável. Se não for baratinho, as pessoas não vão usar, porque elas hoje têm outras alternativas. É preciso criar um sistema que permita a essa mídia continuar existindo.
O senhor acha que a Internet é a tendência?
A tendência agora é a televisão, o rádio, toda mídia trafegar por dentro da Internet, seja no computador, no smartphone, no tablet, na TV. Daqui a muito pouco tempo a televisão será usada para ver Google Maps, para postar nas redes sociais, para navegar, jogar e até para ver televisão.
Daqui a quanto tempo?
No ano que vem 80% dos televisores fabricados no Brasil terão tecnologia para navegar na internet. Será possível plugar no cabo ou com uma tecnologia 4G. Com essas mudanças todas que vêm acontecendo, eu tenho um pouco de dúvida em relação ao conceito de propriedade cruzada. Mas a Constituição fala que não pode ter oligopólio, então teremos que ver como vamos definir isso.