O Grupo Timbre de Galo e a Cia da Cidade lançam o espetáculo Mãe Preta – Fonte Para as Nossas Artes, no próximo dia 21 de março, a partir das 20h, no Teatro do SESC. Esta é a primeira ação da Coordenadoria de Promoção a Igualdade Racial da Prefeitura de Passo Fundo. O espetáculo também marca o Dia dia Internacional da Luta pela Eliminação da Discriminação Racial, celebrado em 21 de março e o mês da mulher.
A peça tem como base a obra do escritor e jornalista, Ivaldino Tasca. O espetáculo conta a saga da mãe que perdeu o filho e transformou sua dor em vida, gerando uma fonte de água, representando a força e a resiliência da mulher negra.
A diretora de produção, Naiara Cavalheiro, explica que a lenda da Mãe Preta é um convite à refleção sobre a importância da água, da narureza e da força da mulher negra. “Em seu enredo, o espetáculo pretende ser um legado de resistência e esperança que nos convida a honrar nossas ancestrais e a lutar por um futuro mais justo e igualitário”.
A protagonista, Mara Cavalheiro, que irá interpretar a Mãe Preta, também é coordenadora da Coordenadoria da Igualdade Racial e conta que o grupo escreveu o projeto em 2015 para um edital da Funarte, dedicado para atores e produtores negros. “Desde então temos essa inquietação em contar essa história. Tivemos uma nota muito boa, mas não fomos classificados. Alguns dias depois o jornalista Ivaldino Tasca enviou um texto sobre a lenda, perguntando se tínhamos interesse em transformá-lo numa peça de teatro. Para minha surpresa a história era ainda mais surpreendente, representando a vida das mulheres negras, tem um simbolismo gigante. Retiramos o bairrismo local do texto e destacamos a mulher negra a a importância da natureza, representada pelo chafariz que leva seu nome”, conta a atriz.
Mara disse que gostaria de contar a história, por admirar a vida da primeira escrava que chegou em Passo Fundo. “É uma história linda, cheia de significados, mas percebi que ela estava sendo esquecida pelas pessoas, então tive ainda mais vontade de contá-la. Foi o momento perfeito para apresentarmos esse espetáculo, especialmente porque estou coordenadora da Coordenadoria da Promoção da Igualdade Racial da Prefeitura Municipal e será nossa primeira ação oficial. Será uma honra contar a lenda através deste espetáculo. Ele é completo, no estilo de um musical”, disse a atriz.
O grupo montou a peça e as cenas em apenas 30 dias . “Tenho certeza que muitas pessoas irão se emocionar e se identificar”.
O espetáculo Mãe Preta terá mais uma apresentação no Aldeia SESC, no dia 27 de abril. Ainda não há data de apresentações para a comunidade em geral.
O Chafariz
O Chafariz da Mãe Preta é um monumento histórico localizado na esquina entre as ruas Uruguai e Dez de Abril, no centro de Passo Fundo. A fonte foi construída em 1863 e era utilizado para abastecer as casas na região, se tornando um ponto de convivência entre os negros escravizados, que buscavam água para consumo próprio e de seus senhores.
Mãe Preta foi escrava de Cabo Neves
A região onde atualmente está localizada Passo Fundo, até as primeiras décadas do século 19, era habitada por povos originários e caboclos. Considera-se que a ocupação oficial, por um indivíduo de origem luso-brasileira, ocorreu por volta dos anos de 1827-1828. Ele é Manoel José das Neves, o Cabo Neves, que recebeu essas terras por meio de doação, e chegou à região acompanhado de sua família, escravos e gado. É a partir da história de uma escrava de Cabo Neves, supostamente chamada Mariana, que surge a lenda da “Mãe Preta”, que se tornou parte do imaginário coletivo da população de Passo Fundo (fonte site UPF).
Equipe do Espetáculo:
Elenco: Mara Cavalheiro
Texto: João Batista Leite
Direção: Alan Rocha
Direção Musical: Marcelo Neves