Com os frequentes debates e as ações desenvolvidas pela Prefeitura em conjunto com as associações de moradores, as praças de Passo Fundo ganham um destaque especial e são pautas de inúmeras conversas, incluindo estudos universitários.
A reportagem da Rádio Planalto conversou com a estudante do 9º semestre do curso de Arquitetura da UPF, Cristina Todeschini, que escolheu o Parque da Gare como objeto de estudo para a matéria de TFG 1, disciplina que antecede o trabalho final do curso.
Confira a entrevista com a estudante.
Rádio Planalto: Por que você escolheu o parque da Gare como seu objeto de estudo?
Cristina: Escolhi o parque da Gare pois é um local de grande potencial para a cidade, devido a sua localização privilegiada, ao seu conteúdo histórico e arborização. Como morei minha vida inteira em Passo Fundo, percebi que a cidade esta decadente em relação a locais para descanso e entretenimento, então resolvi unir a reforma do parque com um local de lazer.
Rádio Planalto: O que apurou sobre o parque?
Cristina: O parque ainda é muito utilizado pela população, principalmente nos finais de semana. Existem eventos que ocorrem no local, como shows, eventos esportivos e desfiles institucionais. Uma das pistas de skate e uma das quadras esportivas tem grande frequência de jovens, porém não possui um local de apoio (banheiros públicos, administração) adequado. A caixa d’água e as ruínas, as quais são patrimônio histórico da cidade, estão pichadas e servem como moradia a pessoas de rua e ao comércio de drogas. A vegetação do parque pertence a uma área de preservação permanente, e está com falta de manutenção. As calçadas estão depredadas dificultando a presença de acessibilidade na área. O parque, apesar de ainda possuir uma movimentação de pessoas, conta com falta de segurança, fazendo com que parte da população deixe de frequentá-lo.
Rádio Planalto: De qual forma a Gare poderia ser melhor aproveitada na sua revitalização?
Cristina: Pretendo tornar o local movimentado e atrativo, retirando a sensação de insegurança e propondo a construção de uma edificação de uso misto, para comércio e serviço, juntamente com praças de convivência e locais destinados a feiras e eventos. A estação férrea, a qual é tombada como patrimônio histórico, terá uma mudança de uso, servindo como memorial e museu da região e da cidade. Serão propostas passarelas para pedestres facilitando seu deslocamento. A APP será melhor aproveitada com a implantação de trilhas e espaços de contemplação, reforçando o esporte. A implantação de ciclovias e bicicletário será um complemento a área, unindo-a com as propostas já existentes de ciclovias para o centro da cidade.
Rádio Planalto: O parque enfrenta um problema histórico de abandono. Qual é a sua sugestão para reverter o quadro?
Cristina: Primeiramente deve haver mais iniciativa da prefeitura municipal de Passo Fundo, pois há falta de gestão em relação a área do parque. Foi proposto um projeto de revitalização, o qual ainda não foi iniciado. Pude perceber que a população, com o passar dos anos, foi deixando de frequentar o parque, porém atualmente existem movimentos, como o (Un) Happy, um movimento produzido pela AMAC (Associação dos Moradores e Amigos do Centro de Passo Fundo) que tem o objetivo de chamar a atenção da prefeitura e população para a situação do local. Acho que a base para a mudança está entre a comunicação entre a população e a prefeitura.
Rádio Planalto: Praticamente a única parte utilizada pela comunidade é o acesso à rua Sete de Setembro e o terreno tem um certo aclive. Como aproveitar ou melhorar essa condição?
Cristina: Devido ao aclive, fica difícil impor acessibilidade em todo o local. A primeira medida para melhorar esta situação é fazer a manutenção das calçadas, facilitando o acesso da população ao parque e a rua Sete de Setembro. Para aproveitar melhor o aclive, proponho em meu projeto a construção de passarelas, pois a construção de praça é inviável devido à declividade.
Rádio Planalto: O que chama a atenção no seu estudo? É viável?
Cristina: A principal proposta em meu estudo é a construção de uma edificação, servindo como lazer e entretenimento. É uma proposta viável, e creio que resolveria dois grandes problemas para a cidade: a movimentação no parque da Gare e a concentração de jovens em um local que não atrapalharia a população, como na Rua Independência. A manutenção do parque e do patrimônio histórico também são propostos para revitalização, e além de ser viável, são totalmente indispensáveis para a área.
Rádio Planalto: Na sua opinião o abandono do parque se deve a que fatores?
Cristina: Primeiramente, pela falta de interesse da prefeitura e da população. Raramente houve manutenção no parque, e a população deixou de frequentar por não se sentir confortável na área. A prefeitura nunca se interessou em fazer algo no local, e somente agora, no ano de 2014, que surgiu um projeto de revitalização. Espero que o projeto seja aprovado pela população e que o mesmo seja executado em breve.