“Vocação: graça e missão”
“Corações ardentes, pés a caminho”
Agosto
é o mês vocacional na Igreja Católica que nos falar, rezar e convidar os
batizados a ouvirem a voz de Deus e responderem livremente a seu convite.
Também vivemos o Ano Vocacional que tem por tema: “Vocação: graça e missão” e
por lema “Corações ardentes, pés a caminho”. No domingo do Dia dos Pais a nossa
atenção se volta para a família cristã e o Sacramento do Matrimônio. No
calendário civil celebramos o Dia das Mães separado do Dia dos Pais. Na
perspectiva vocacional unimos pais, mães e filhos.
Para
falar de família cristã sempre se deve partir da base, isto é, dos sacramentos
do batismo, crisma e da eucaristia. São os sacramentos comuns de todos os
discípulos de Cristo, da vocação à santidade e da missão evangelizadora. Os
batizados que vão ao Sacramento do Matrimônio recebem a graça especial para
viverem a vida familiar. Daí nasce a compreensão de matrimônio e de família
cristã. Matrimônio cristão é uma opção vocacional.
O
tema da família e do matrimônio cristão sempre fez parte da vida da Igreja. O
Concílio Vaticano II, na Constituição Gaudium
et Spes se dedicou a promover a dignidade e a santidade do matrimônio e da
família. “A íntima comunidade de vida e de amor conjugal, fundada pelo Criador
e dotada de suas leis, é instituída pela aliança conjugal ou pelo irrevogável
consenso pessoal. Desse modo, do ato humano pelo qual os cônjuges se doam e
recebem mutuamente, origina-se uma instituição firmada por uma ordem divina também
diante da sociedade; no intuito do bem, tanto dos cônjuges e da prole como da
sociedade”. (GS, nº 48). Recentemente o tema da família e do matrimônio cristão
é tratado na Exortação apostólica pós-sinodal do Papa Francisco Amoris Laetitia: sobre o amor na família
de 19 de março de 2016.
Numa
sociedade plural as compreensões sobre matrimônio e família são plurais.
Na Amoris Laetitia o Papa Francisco reafirma
o ensinamento tradicional da Igreja presente no Concílio Vaticano II, nos
ensinamentos de São João Paulo II. As três perguntas feitas aos nubentes
durante o Sacramento do Matrimônio resumem o que fundamenta a família cristã:
viestes aqui livre e espontaneamente para celebrar o matrimônio; amar-se e
respeitar-se por toda vida; receber com amor e educar os filhos na Lei de Deus
e da Igreja. Desta aliança livre e consciente nasce uma comunidade de amor e
vida.
Estamos
cientes de que se deposita uma grande exceptiva sobre os casais e suas
famílias. Tantas vezes, se espera deles muito mais do que são capazes de
realizar, mesmo com toda a dedicação e doação. A exortação Amoris Laetitia ajuda a tratar as famílias conciliando o ideal com
o real e imperfeito. Por isso a proposta prática e pastoral do Papa Francisco
pode ser resumida nas seguintes palavras: acompanhar,
discernir e integrar as fragilidades das famílias.
A
família cristã necessita cultivar a intimidade com Deus para receber dele
constantemente as graças do Sacramento do Matrimônio para serem fiéis um ao
outro, viver na alegria e na tristeza, na saúde e na doença todos os dias da
vida. Por isso, a Amoris Laetitia termina
com a “Oração à Sagrada Família”: Jesus, Maria e José, em vos contemplamos o
esplendor do verdadeiro amor, confiantes, a Vós nos consagramos. Sagrada
Família de Nazaré, tornai também as nossas famílias lugares de comunhão e
cenáculos de oração, autênticas escolas do Evangelho e pequenas Igrejas
domésticas. Sagrada Família de Nazaré, que nunca mais haja nas famílias
episódios de violência, de fechamento e de divisão: e quem tiver sido ferido ou
escandalizado seja rapidamente consolado e curado. Sagrada Família de Nazaré,
fazei que todos nos tornemos conscientes do caráter sagrado e inviolável da
família, da sua beleza no projeto de Deus. Jesus, Maria e José, ouvi-nos e
acolhei da nossa súplica. Amém.
Dom
Rodolfo Luís Weber – Arcebispo de Passo Fundo