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Família: nosso bem maior

Dentro da proposta orante e reflexiva do mês de agosto, mês vocacional, a Igreja do Brasil propõe para esses dias a Semana da Família. Neste ano apresenta como tema: “família, fonte de vocações” e lema: “corações ardentes, pés a caminho” (Lc 24,32-34). O lema proposto é o mesmo do 3º Ano vocacional. Aproxima a reflexão sobre a vida em família com a proposição do ano vocacional.
A vida familiar é vocação, chamado de Deus. Ela começa, para a Igreja, com o Sacramento do Matrimônio, a união do homem e da mulher a partir de um grande amor que os leva a deixar pai e mãe em nome de um novo projeto familiar (Mt 19,5). A expressão admirada de Adão diante de Eva, ossos dos meus ossos carne de minha carne (Gn 2,23) revela um projeto a ser mantido a cada dia, fundado no amor e no respeito entre homem e mulher. A vida familiar tem um caráter de Sacramento, sinal visível do amor de Deus. Por isso, todo o empenho da Igreja em ajudar e orientar as pessoas vocacionadas à vida familiar. Ela é um bem para a pessoa, para a Igreja e para a sociedade. Como um bem precisa ser cuidada com zelo e amor.
A família é constituída, a partir de da união conjugal, por seres humanos naquilo que é constitutivo da natureza humana.  Então as famílias são reais e não fictícias. São constituídas por pessoas reais. Experimentam, na convivência diária, as virtudes, as limitações, as dificuldades, sofrimentos e alegrias. No ambiente do lar convivem lado a lado luzes e sombras. A grande vontade humana e também do Criador é que as luzes suplantem as sombras. Para que isso aconteça faz-se necessário todo o empenho dos membros da família em manter os laços de afeto e carinho. É compromisso de cada membro da família amar, cuidar e zelar pelo bem daqueles que Deus lhe deu e isso pratica-se e cultiva-se na vida que os esposos partilham dia a dia entre si e com os filhos (AL 90).
A partilha é experimentada no cotidiano da vida, no caminho que cada família trilha. A cada dia se oferece a oportunidade para se aprofundar o amor familiar, seja entre os cônjuges, desses para com os filhos e entre os filhos. É um amor que se abre também para com os idosos visto que muitas famílias acolhem e convivem com idosos no seu seio. Tal experiência é um sinal para a sociedade de que é possível construir a harmonia familiar a partir do amor feito concretude no dia. Este amor permite que o Senhor se faça presente nas lutas de cada família. Na Exortação Amores Laetitia o Papa Francisco fala dessa caminhada diária formada por famílias reais:  a presença do Senhor habita na família real e concreta, com todos os seus sofrimentos, lutas, alegrias e propósitos diários. Quando se vive em família, é difícil fingir e mentir, não podemos mostrar uma máscara. Se o amor anima esta autenticidade, o Senhor reina nela com a sua alegria e a sua paz (AL 315).
O caminho da construção familiar é feito aos poucos. Nenhuma família nasce pronta. Ela é construída com a vontade humana e com a graça de Deus.  Como dito, sua base é o amor. Todavia se o amor se fortalece pela capacidade de diálogo, pela atitude de escuta e às vezes por silêncios. Não é o silêncio vazio de sentido, mas aquele que é tão profundo, intenso e vivo que nenhuma palavra do mundo consegue suplantá-lo. Precisamos do silêncio na vida familiar. Também é preciso exercitar-se na capacidade de perdoar. Não é processo fácil, entretanto é fundamental na vida familiar. Esses são elementos que marcam a construção familiar. São também a base de uma espiritualidade familiar. O Papa Francisco ainda lembra:    a espiritualidade do amor familiar é feita de milhares de gestos reais e concretos. Deus tem a sua própria habitação nesta variedade de dons e encontros que fazem maturar a comunhão. Esta dedicação une o humano e o divino, porque está cheia do amor de Deus. Em suma, a espiritualidade matrimonial é uma espiritualidade do vínculo habitado pelo amor divino (Al 315).
Neste ano tem-se como proposta da semana da família três atitudes simples que muito ajudam na espiritualidade familiar, segundo o princípio de que as nossas famílias são reais e vocacionadas à santidade. As atitudes são também caminhos para fazer da vida familiar uma pequena Igreja doméstica, uma célula viva para transformar o mundo (Al 324) porque tem algo de bom, sólido e bonito para mostrar ao mundo. Não é uma propaganda enganosa, mas um caminho seguro para a realização humana.
Primeiro: cada família tenha um pequeno “espaço sagrado” ou “santuário”. Lembrará que naquela casa há espaço para a presença de Deus. Ajudará as gerações novas crescerem lembrando que Deus é importante nas suas vidas. Será um espaço visitado pela família ou individualmente. Permite que aquela família seja uma família orante, aberta ao amor de Deus.
Segundo: as famílias recuperem ou iniciem o hábito de rezar antes das refeições. Reunir-se diante do alimento é uma graça, como o alimento também é. É uma atitude de confraternização familiar, porque junto ao alimento partilhado, partilha-se a vida de cada membro e o sentido de ser família. O alimento fortalece o corpo. O diálogo fraterno ao redor da mesa fortalece o espírito e anima a existência.
Terceiro: os pais abençoarem os filhos. É uma forma especial de manifestar o amor e o cuidado para com os filhos. Na Sagrada Escritura encontramos muitas passagens onde são descritas orações de bênçãos. É uma atitude simples, uma prece simples, mas repleta de sentido de amor familiar. Junto ao amor perpassa a dimensão sagrada dos laços familiares.
Nossas famílias são um bem, uma bênção em nossas vidas. São famílias constituídas por pessoas reais com as quais o ser humano, enquanto membro, vai trilhando um caminho seguro de vida cristã e cidadã. É o nosso bem maior.
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