A jornada de trabalho no Brasil, conhecida como 6×1, permite que trabalhadores atuem por seis dias consecutivos descansem apenas no sétimo. Esse modelo, embasado na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), estabelece que a carga semanal de até 44 horas pode ser distribuída ao longo da semana, com apenas um dia de folga. Enquanto a Constituição assegura o direito ao “repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos”, ela não define a duração exata desse descanso. A CLT, então, determina o mínimo de 24 horas consecutivas de folga semanal, dando origem ao sistema 6×1, comum em setores como comércio, indústria e serviços.
A proposta de emenda constitucional (PEC), apresentada pela deputada Erika Hilton (PSOL-SP), busca questionar e revisar essa estrutura. Com o apoio de 1,3 milhão de pessoas, mobilizadas principalmente nas redes sociais pelo Movimento VAT (Vida Além do Trabalho), a deputada visa propor um novo modelo que contemple mais dias de descanso aos trabalhadores. O movimento é liderado por Rick Azevedo, vereador eleito pelo PSOL, e defensor de condições de trabalho que priorizem a saúde e o bem-estar.
A PEC de Erika Hilton desafia um sistema que, apesar de seguir vigente e ser respaldado pela lei, tem enfrentado críticas devido às demandas atuais de qualidade de vida. Segundo o movimento VAT e seus apoiadores, uma única folga semanal de 24 horas seria insuficiente para promover o descanso necessário diante das cargas físicas e psicológicas dos trabalhadores. O modelo 6×1, argumentam, não acompanha a evolução das necessidades de saúde mental e bem-estar.
Para que a proposta avance, são necessárias 171 assinaturas de parlamentares na Câmara dos Deputados; até o momento, 71 já declararam apoio à mudança. Caso aprovada, a PEC exigirá adaptações no ambiente corporativo, com possível reorganização de escalas e processos para garantir folgas adicionais. No entanto, defensores argumentam que o impacto positivo na qualidade de vida dos trabalhadores poderia gerar ganhos em produtividade e saúde.
A proposta levanta questões importantes para a sociedade: será que o modelo 6×1 ainda é adequado para as demandas do trabalho moderno? E o quanto uma mudança na escala de folgas afetaria o dia a dia das empresas e a rotina de milhões de trabalhadores? Enquanto o debate segue no Congresso, a PEC de Erika Hilton, embasada por um forte movimento social, sinaliza uma nova fase no diálogo sobre condições trabalhistas no Brasil, onde o equilíbrio entre trabalho e bem-estar volta ao centro das discussões.