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Gaeco deflagra operação “Entre Lobos” contra organização criminosa que aplicava golpes milionários em idosos Mandados são cumpridos em cinco estados e apontam prejuízos de mais de R$ 6 milhões; vítimas recebiam menos de 10% dos valores judiciais devidos  

O Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (GAECO), em apoio à Promotoria de Justiça da Comarca de Modelo, deflagrou na manhã desta terça-feira (23) a operação “Entre Lobos”, com o objetivo de desarticular uma organização criminosa responsável por um sofisticado esquema de estelionato contra idosos. Estão sendo cumpridos 13 mandados de prisão e 35 mandados de busca e apreensão nos estados de Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Ceará, Bahia e Alagoas. A Justiça também determinou a apreensão de 25 veículos e o bloqueio de contas bancárias de até R$ 32 milhões.

As investigações apontam que o grupo criminoso agia de forma articulada e reiterada, utilizando empresas de fachada para adquirir direitos sobre créditos judiciais de idosos e aposentados. Por meio de promessas de revisão de contratos bancários, as vítimas eram levadas a assinar cessões de crédito por valores irrisórios, sem compreensão do real teor dos documentos. Em muitos casos, os pagamentos não correspondiam nem a 2% do valor judicial ao qual a vítima tinha direito. Uma das vítimas, por exemplo, deveria receber R$ 146 mil, mas recebeu apenas R$ 2.500.

Duas empresas de fachada — Ativa Precatórios, de Pinhalzinho (SC), e BrasilMais Precatórios, de Fortaleza (CE) — aparecem como beneficiárias diretas dos valores judiciais. Somadas, receberam mais de R$ 6 milhões liberados pela Justiça, mas repassaram menos de 10% desse total às vítimas. Planilhas obtidas durante a investigação revelaram a divisão interna dos lucros, repasses, comissões e despesas da organização criminosa, que também é investigada por lavagem de dinheiro e patrocínio infiel — quando advogados agem contra o interesse dos próprios clientes.

Além do uso de empresas de fachada, o grupo também operava por meio do site IDAP (Instituto de Defesa do Aposentado e Pensionista), utilizado como fachada institucional para atrair vítimas em todo o país. Através do site, os aposentados forneciam dados e assinavam documentos necessários para ingressar em ações judiciais, sem saber que estavam autorizando a cessão de seus créditos a terceiros.

Mais de 130 agentes do GAECO de Santa Catarina participaram da operação, com apoio da Polícia Militar, da Brigada Militar e dos núcleos do GAECO dos outros estados envolvidos. Representantes da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) acompanharam o cumprimento dos mandados, respeitando as prerrogativas legais da advocacia.

As investigações já identificaram pelo menos 215 vítimas, mas a estimativa é que mais de mil pessoas possam ter sido lesadas pelo esquema, principalmente em Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Ceará e Alagoas. O escritório de advocacia apontado como centro do esquema também declarou atuação no Paraná e planos de expansão para São Paulo.

A operação recebeu o nome “Entre Lobos” em referência à conduta predatória dos criminosos, que se valiam da confiança dos idosos e da função de advogado para fraudar e se apropriar de valores devidos. O nome também homenageia uma das vítimas do esquema, de sobrenome Wolf (lobo, em inglês), que faleceu durante a investigação.

O Ministério Público de Santa Catarina orienta que vítimas que se identifiquem como lesadas procurem a Delegacia de Polícia mais próxima ou entrem em contato com a Ouvidoria do MPSC ou a Promotoria de Justiça da Comarca de Modelo. A denúncia é fundamental para garantir o ressarcimento das vítimas e o desmantelamento completo da organização.

Contatos para vítimas:

  • Promotoria de Justiça de Modelo: WhatsApp (49) 99200-7462
  • Ouvidoria do MPSC: ouvidoria@mpsc.mp.br | (48) 3229-9306 ou 127
  • Delegacia de Polícia mais próxima

Reportagem: Redação
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