A Polícia Civil do Rio Grande do Sul deflagrou, na última quinta-feira (6), a Operação Maré de Azar em Passo Fundo para combater o golpe do bilhete premiado. A ação resultou no cumprimento de cinco mandados de busca e apreensão e na prisão preventiva de três indivíduos. Os suspeitos já haviam sido detidos anteriormente pelo mesmo crime em Capão da Canoa, mas foram liberados pela Justiça e retomaram as atividades ilícitas.
Histórico das operações
Em 17 de fevereiro deste ano, durante a Operação Verão Total, a Delegacia de Polícia de Capão da Canoa prendeu em flagrante seis pessoas – quatro mulheres e dois homens – por aplicarem o golpe do bilhete premiado. O grupo, originário de Passo Fundo, já era monitorado pelas autoridades devido a fraudes anteriores na região, acumulando prejuízos superiores a R$ 300 mil para as vítimas.
Modus operandi da quadrilha
O golpe do bilhete premiado é uma fraude em que os criminosos abordam a vítima alegando possuir um bilhete de loteria premiado, mas que, por algum motivo, não podem resgatar o prêmio. Eles oferecem vender o bilhete por um valor inferior ao prêmio prometido, convencendo a vítima a pagar uma quantia em dinheiro ou transferir bens de valor. Após a transação, os golpistas desaparecem, deixando a vítima com prejuízos financeiros significativos.
A operação desta quinta-feira foi coordenada pela Delegacia de Polícia de Capão da Canoa, com o apoio de 12 policiais de Passo Fundo. Os quatro suspeitos presos são os mesmos que haviam sido detidos em fevereiro, mas que foram soltos pela Justiça e voltaram a praticar o golpe. Três deles foram presos em Passo Fundo, enquanto o quarto integrante da quadrilha já se encontrava na Penitenciária de Osório.
Detalhes das investigações
A investigação revelou que dois veículos foram utilizados na ação criminosa: um VW Polo e um Chevrolet Onix, ambos alugados da empresa Localiza. Através da análise das coordenadas dos rastreadores dos veículos no Google Maps, foi possível identificar o local onde os investigados pernoitaram.
Em seguida, foi solicitado ao proprietário do imóvel, que o disponibilizava para locação via Airbnb, informações sobre o responsável pela reserva. O proprietário forneceu os dados solicitados, bem como as imagens da câmera de monitoramento externo da residência. Através dessas imagens, foi possível identificar os supostos autores do delito.
As investigações sobre as locações dos veículos revelaram ainda que um Fiat Cronos havia sido alugado no dia 16 de fevereiro de 2024. Este veículo foi monitorado através de cercamento eletrônico, o que culminou na prisão em flagrante dos mesmos indivíduos durante uma tentativa de aplicar o golpe em outra idosa, também na cidade de Capão da Canoa.
A Polícia Civil identificou que os criminosos fazem parte de um esquema familiar, com atuação coordenada e sistemática. Entre os detidos, três estavam em casas no bairro Boqueirão, e um já era detento do Presídio de Osório. O grupo acumula diversos golpes no país, inclusive no estado de São Paulo, e o prejuízo causado pelas fraudes é inestimável, com valores que ultrapassam centenas de milhares de reais.
Durante a investigação, os policiais descobriram que os suspeitos chegaram a gastar cerca de R$ 50 mil em artigos de alto padrão em um shopping de Porto Alegre. O passeio aconteceu depois que o grupo aplicou um golpe em Capão da Canoa.
A operação realizou buscas nas casas dos suspeitos, no bairro Boqueirão. No local, foram apreendidos celulares, computadores e outros itens de luxo, o que comprova o padrão de vida mantido com o dinheiro das vítimas.
— É inestimável o quanto eles já conseguiram em dinheiro com esse golpe. Eles têm um histórico de atuação não só no Rio Grande do Sul, mas em outros estados. Passo Fundo, infelizmente, virou uma espécie de capital do conto do bilhete — disse o delegado André Luiz Freitas, que liderou a operação.
A Polícia Civil acredita que há mais vítimas em outras cidades e estados, e as investigações continuam para identificar outros possíveis envolvidos e alvos do grupo.
— É fundamental que as pessoas desconfiem de propostas milagrosas e sempre verifiquem a veracidade das informações com familiares ou autoridades antes de tomar qualquer decisão envolvendo dinheiro — ressaltou o delegado.
Nota da defesa
“Estamos cientes das acusações e as encaramos com seriedade. É importante ressaltar que, neste momento, todas as acusações são meras alegações, e meu cliente, D.N.G., goza do direito constitucional à presunção de inocência.
Devido à natureza sensível da investigação, não podemos fornecer mais detalhes neste momento. No entanto, garantimos que manteremos a imprensa informada sobre quaisquer desenvolvimentos significativos, dentro dos limites legais e éticos.
Agradecemos a compreensão e o respeito à privacidade do meu cliente durante este período.”
Jaqueline do Amaral Wittmann, advogada criminalista
As investigações seguem em busca de novos fatos e possíveis envolvidos.
Reportagem: Redação
Grupo Planalto de Comunicação