Simpático e dando seus primeiros passos. É assim que Luizo, como foi carinhosamente apelidado, um bezerro de cerca de 30 dias, está. Ele é paciente do Hospital Veterinário da Universidade de Passo Fundo (HV/UPF) e se recupera depois de passar por uma cirurgia inusitada em ruminantes: uma laminectomia, procedimento mais comum em cães e gatos, realizado para descompressão da medula.
Logo após nascer, Luizo sofreu fraturas em vértebras da lombar e na tíbia, um dos ossos que compõem os membros posteriores e chegou ao Hospital sem conseguir caminhar. O animal chegou ao Hospital com cerca de 15 dias, trazido pela tutora, que é acadêmica do curso de Medicina Veterinária da UPF, Luiza Parizotto – por isso o nome recebido. De acordo com o coordenador do curso, professor Carlos Bondan, a suspeita é que o bezerro tenha sido pisoteado acidentalmente pela mãe logo após o nascimento, o que ocasionou as lesões, que não são comuns nessa espécie.
Após exames de imagem, a equipe constatou as fraturas e decidiu pela realização da laminectomia. “Essa cirurgia de correção de problemas de coluna é feita na nossa rotina clínica, mas não em ruminantes. Em cães e gatos ela é muito comum, principalmente em cães da raça Dachshund, conhecidos como linguicinha, que são animais que têm uma predisposição de lesão de coluna em função de condições genéticas, mas nos ruminantes não. Então, podemos dizer que é algo inédito”, explicou o professor.
Para realizar o procedimento, os residentes e acadêmicos do curso que atuam no Hospital Veterinário realizaram um treinamento, garantindo o sucesso da cirurgia. “Ocorreu a descompressão completa do canal medular, que ficou comprimido devido à luxação da vértebra lombar e estamos considerando como boas as chances de ele ter uma vida normal pós-procedimento. Os testes que nós realizamos já demonstram que ele tem sensibilidade e inclusive pode ser identificado as tentativas que ele faz de colocar de caminhar, ainda não está completamente apoiando porque nós ainda temos que corrigir a fratura de tíbia, mas o prognóstico continua sendo de reservado a favorável, eu acredito que nós teremos sucesso”, pontuou Bondan
De acordo com uma das residentes responsáveis pelo procedimento, Magda Bertolini Pierezan, Luizo passará agora por fisioterapia para então realizar a osteossíntese da tíbia, para correção dessa fratura. A previsão é que a segunda cirurgia seja realizada daqui a, no mínimo, três semanas.
Apesar de a cirurgia realizada no Luizo ser pouco comum, o Hospital Veterinário da UPF é referência no tratamento de ruminantes, como bovinos, ovinos e caprinos, por exemplo. Para Bondan, um dos destaques está na estrutura física, com equipamentos que permitem diagnósticos mais precisos. “Equipamentos como ultrassonografia e Raio-X, por exemplo, são fundamentais para o corpo clínico poder estabelecer um diagnóstico correto e, consequentemente após esse diagnóstico, propor a melhor terapia, seja ela cirúrgica ou medicamentosa”, destacou. Além disso, o HV também possui suporte clínico e cirúrgico em todas as áreas, o que também faz diferença para estabelecer um possível diagnóstico e conduzir o melhor tratamento possível para a recuperação do paciente.
Ainda na opinião de Bondan, proporcionar aos estudantes e residentes da área da Medicina Veterinária procedimentos ainda pouco realizados é um diferencial na formação desses futuros profissionais. “Essa rotina clínica de animais ruminantes ainda é pouco falada de uma forma geral, mas quem garante que daqui a alguns anos isso não se torne uma realidade. Então, é um diferencial nosso. Temos residentes e estudantes, que atuam como estagiários, realizando procedimentos tão complexos como esses, e sempre avançando em conhecimento, em tecnologia, mesmo que hoje não seja aplicada, mas o aluno já sai daqui sabendo e conhecendo como fazer”, finaliza.
FONTE: ASSESSORIA UPF