O cuidado com a saúde dos bebês inicia nas primeiras horas e dias de sua vida. Na maternidade do Hospital São Vicente de Paulo (HSVP) de Passo Fundo, os recém-nascidos são submetidos à testes de triagem, importantes para detectar algum problema com a saúde do bebê. Dentre os exames estão o Teste do Coraçãozinho, Teste da Orelhinha e Teste da Linguinha, sendo que este último tornou-se obrigatório no ano passado através da Lei 13.002/2014, mas que já era realizado desde 2013 no HSVP. Em 2014, o Serviço de Fonoaudiologia do HSVP realizou 1.786 inspeções orais e encaminhou 257 bebês para o Teste da Linguinha completo.
O Teste da Linguinha detecta casos de língua presa. O teste avalia o bebê quanto aos aspectos físicos da língua, a maneira como a criança mama e até mesmo o choro. Segundo a fonoaudióloga do HSVP, Lisiane Siqueira, o frênulo lingual é uma membrana mucosa que vai da língua até o assoalho da boca, responsável pela mobilidade da língua. Ela explica que quando esse frênulo está inserido em um lugar errado, ou está muito curto ou longo, causa limitações de mobilidade da língua e com isso, traz diversos problemas para a criança. “A amamentação é fundamental para o bebê, mas para mamar, ele precisa de uma boa movimentação de língua, já que o leite é sugado a partir da elevação da língua, fazendo uma pressão contra o mamilo. Caso o bebê tenha o frênulo lingual com alguma alteração, ele vai mamar menos tempo, mais vezes ao dia e muitas vezes, vai ficar com fome, e a mãe cansada, pelas diversas mamadas ao longo do dia”, salienta a especialista, explicando que com o teste e as precauções necessárias evita-se o desmame precoce.
O aleitamento materno não é o único agravante do frênulo lingual com alteração. Conforme Lisiane, problemas dentários, com a fala, limpeza dos dentes e deglutição podem ser ocasionados se o tratamento correto não for feito. “Se observarmos alteração na inspeção lingual, o bebê é encaminhado para o ambulatório, onde realizamos o teste completo da linguinha e, se a alteração for confirmada, encaminhamos a criança para a cirurgia que se chama frenotomia. Em alguns casos, na inspeção percebe-se a necessidade da cirurgia, sendo que o procedimento já é realizado antes da alta hospitalar. A secção do frênulo é de rápida cicatrização e recuperação. Em crianças maiores e em adultos, esse procedimento é mais complicado, pois a recuperação e a cicatrização são mais demoradas”, destaca a fonoaudióloga, evidenciando a importância de realizar a cirurgia assim que a alteração for detectada.
A detecção precoce da alteração no frênulo lingual foi fundamental para Pietro de Souza Serrão, que tem mais de 1 mês. A mãe Pamela de Souza conta que antes de realizar o procedimento o bebê tinha dificuldade para mamar e cansava fácil. “Mudou bastante depois da frenotomia. Agora ele consegue mamar bem e a recuperação foi bastante tranquila. Em dois dias ele estava mamando normalmente. Foi muito importante ter à disposição o teste da linguinha, pois evitamos problemas de saúde futuros em meu filho”, ressalta Pamela.
Teste da Orelhinha também é fundamental
Realizado pela equipe de Fonoaudiologia, o teste da Orelhinha é importante para detectar problemas de audição precocemente. Em 2014, no Hospital São Vicente de Paulo, foram realizados 2.953 testes da Orelhinha.
A fonoaudióloga Laura Giacometti aponta que ter um diagnóstico da perda auditiva até os 3 meses é ideal para que as intervenções necessárias sejam realizadas e o problema seja corrigido. “Quando alguma anormalidade é detectada ainda na maternidade, os pais são orientados a trazer a criança para repetir o teste no período de 15 dias. Este também é realizado no HSVP mediante agendamento. Se novamente, o bebê falhar, ele é encaminhado para o BERA TRIAGEM, que consiste num exame mais aprofundado da audição, que avalia toda a via auditiva e uma região do ouvido que pode sofrer lesão quando o bebê têm risco para surdez. Após essa confirmação, a criança segue para o diagnóstico de perda auditiva no exame detalhado que é o BERA”, explica a especialista, alertando ainda que os pais devem prestar bastante atenção e fazer os retestes até os três anos de idade do bebê, já que uma a três crianças, em cada mil, apresentam problemas auditivos. “Em crianças em que o teste não foi feito, os pais podem observar diversos sinais, dentre eles está a desatenção, as pessoas chamam e a criança não olha, não percebe ruídos. Além disso, a criança pode ser bastante irritada, ainda quando bebê. Ele não se acalma com a voz da mãe”, destaca.
Tanto Lisiane como Laura, reforçam que os pais devem realizar os exames de triagem, bem como os retestes para evitar complicações de saúde futuras nos bebês.