Um projeto de inclusão da Universidade de Passo Fundo (UPF) tem feito a diferença na vida de deficientes visuais que integram a Associação Passo-fundense de Cegos (Apace). Uma vez por semana, associados de vários municípios da região se reúnem para andar de bicicleta. A atividade é desenvolvida pelo curso de Educação Física e ocorre na pista de atletismo da UPF, no Campus I.
Hilda Ávila de Oliveira vivenciou a experiência pela primeira vez. Por mais de 30 anos ela enxergou de forma parcial e há poucos meses perdeu completamente a visão. “Para nós cegos essa atividade que estão nos oferecendo é muito importante, nem sei como agradecer. Hoje a minha sensação de andar de bicicleta foi um pouco diferente de como era uma vez. Perdi a visão total e depois de um tempo afastada das atividades da Apace agora retornei a participar. Quero voltar a fazer tudo que fazia antes. Ainda bem que temos essas oportunidades, isso é muito bom”, afirma.
Para a execução da atividade, os participantes utilizam uma bicicleta dupla, chamada tandem, que é operada por duas pessoas: o ciclista que enxerga conduz a bicicleta e a pessoa com deficiência ocupa o banco de trás. Quem conduziu Hilda no passeio foi o ciclista voluntário César de Oliveira, que é psicólogo e toda semana se dedica à atividade. “Faço esse trabalho voluntário de conduzir as pessoas cegas e com deficiência visual na bicicleta e ao mesmo tempo me divirto também, porque a gente conversa, aprende com eles, tem noção da dificuldade deles no dia a dia e se surpreende com as histórias deles. É muito legal essa troca de conhecer as experiências de cada um”, destaca.
Iniciativa promove benefícios para a saúde e o bem-estar
O coordenador do projeto na UPF, professor Me. Ben Hur Soares, pontua que o projeto tem o objetivo de promover inclusão e sociabilização aos associados da Apace. “A atividade promove muitos benefícios. Com ela é possível melhorar o equilíbrio, a flexibilidade, a resistência, a força, a coordenação motora, além de aumentar a consciência corporal e aumentar a autoestima deles”, destaca o professor, ao mencionar que outras atividades como academia e hidroginástica também são incluídas no projeto. “Esse conjunto de atividades melhora o senso de direção das pessoas, a percepção auditiva e, ainda, quebra o sedentarismo, pois tiramos essas pessoas da sua célula residencial e as trazemos para um outro ambiente, onde elas precisam se locomover, ter iniciativa e participar”, afirma.
Promovendo inclusão social e autonomia
Desde 1999, a Apace oferece vários programas de reabilitação com o objetivo de promover a inclusão social e a autonomia das pessoas com deficiência visual. Ao todo, são mais de 20 atividades desenvolvidas nas áreas da assistência social, educação e saúde, com abrangência em Passo Fundo e municípios da região. Para saber mais sobre o trabalho desenvolvido pela Apace acesse apace-rs.org.br.