No dia 29 de dezembro, data litúrgica da Festa da Sagrada Família, a Igreja Particular de Passo Fundo, em comunhão com toda a Igreja Universal, fará o lançamento do Ano Jubilar de 2025. Estaremos seguindo a orientação do Papa Francisco que pede que os bispos diocesanos celebrem a Santa Missa como abertura Solene do Ano Jubilar em todas catedrais e concatedrais com uma peregrinação segundo a tradição do local como sinalização do caminho da esperança que iluminado pela Palavra de Deus, une os fiéis (SC 6).
O Jubileu do Ano Santo é uma celebração especial para a Igreja Católica que ocorre a cada 25 anos assinalando a memória do nascimento de Jesus Cristo. Compreende-se como um evento de renovação espiritual, penitência e reconciliação, que contribuem no fortalecimento da fé e da comunhão com a proposta de Jesus. Volta-se aos cristãos e todas as pessoas de boa vontade, lembrando que o encontro com Jesus é uma experiência marcante e transformadora, aberta a todos, porque com Jesus Cristo, renasce sem cessar a alegria (EG 1). Podemos acrescentar a esperança que não fenece, porque também está enraizada no ressuscitado. O cristão deve constantemente explicitar esta esperança e os seus motivos com paciência, modéstia e respeito (1Pd 3,15).
A referência bíblica do Jubileu diz respeito à caminhada do povo de Deus apresentada no Antigo Testamento. O povo tinha como compromisso da fidelidade à aliança firmada no Sinai (Ex 19,1-25). Era mantida nas práticas do cotidiano orientadas pelos mandamentos da Lei de Deus (Ex 20). O povo se compromete em ser fiel ao Deus da aliança e este comprometimento é garantia da felicidade, da vida justa e digna.
Então júbilo e a alegria se garantem a partir responsabilidade do ser humano pelas relações sustentadas na aliança. Neste contexto uma das variantes da expressão jubileu tem como significado “trazer de volta”. No caso diz respeito aos escravos, que haviam perdido a liberdade por dívidas. Eram devolvidos a uma vida livre, não sendo mais servos de homens e sim apenas do Criador. A escravidão era contrária a aliança. Também diz respeito à devolução das terras aos seus donos, que as perderam por causa de dívidas. Jesus Cristo, o enviado do Pai, plenifica e realiza as promessas do Antigo Testamento. Vê-se que, segundo a Sagrada Escritura, o jubileu tem uma orientação celebrativa, mas também de justiça social, equitativa. A celebração, o júbilo e a alegria só podem acontecer abrangendo a todos e contemplando a todos, com a participação integral de todos.
O primeiro jubileu foi celebrado no século XIII e destacou-se o fato de ter sido uma iniciativa popular que se fortaleceu e disseminou nos séculos seguintes, tendo se tornado tradição na Igreja.
O lema sugerido para 2025 é “peregrinos da esperança”. Acentua duas características da fé cristã. Primeira, somos peregrinos neste mundo e destino humano é a pátria celeste, a experiência de contemplar o rosto misericordioso do Pai. Todavia, o peregrinar, neste espaço e neste tempo é oportunidade de construir a salvação a partir de relações fundadas nas bases da proposta cristã, o Evangelho de Jesus Cristo. O peregrinar no mundo tem uma orientação, o Evangelho e uma finalidade, a salvação.
Segunda, no peregrinar o ser humano testemunha os valores da fé cristã, inspirados por Jesus e na força do Espírito Santo, acolhendo a esperança que brota da fé e suscitando a esperança nos irmãos e irmãs. É a dialética de acolher e motivar a esperança comuns à vida cristã. A esperança é uma virtude cristã e motiva a caminhar e testemunhar a fé no mundo. Explicitam-se também de uma forma concreta na prática sugerida pela fé de sermos sinais de esperança. O mundo carece de sinais que atestam a esperança que move os cristãos. A bula enumera algumas atividades propostas para os cristãos entre elas o compromisso com a prática da paz, o cuidado com os doentes, idosos, abertura à vida através do ato de assumir a paternidade/maternidade, os encarcerados, entre outros. Retomando a primeira carta de Pedro, o ato de demostrar as razões da esperança passa também por atitudes concretas.
O Papa Francisco sugere como fundamentação bíblica da peregrinação jubilar a carta do apóstolo Paulo aos Romanos. Segundo o apóstolo, a esperança não decepciona porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo (Rm 5,1-2.5). Estão entrelaçadas três expressões muito fortes, a esperança, o amor de Deus, o Espírito Santo.
Na Arquidiocese de Passo Fundo estão previstos três eventos a se realizarem no Santuário Nossa Senhora Aparecida em vista do Ano Jubilar. No dia 30 de março acontecerá o Jubileu das Catequistas; no dia 27 de abril o Jubileu dos Ministros Extraordinários da Eucaristia; no dia 19 de outubro o jubileu da juventude.
As proposições em nível arquidiocesano não impedem as iniciativas paroquiais, comunitárias ou pessoais. São possibilidades de se viver o Ano Jubilar como o ano da graça.
Que seja um tempo de graça.
Pe. Ari Antonio dos Reis