Chegamos ao quarto domingo do Advento. A peregrinação ao encontro do Senhor que vem se torna mais enriquecida. Junto à Maria, segundo domingo, e João Batista, terceiro domingo, teremos como companhia nesta bonita caminhada Isabel, a mulher idosa que foi tirada da humilhação pública pela graça do Senhor (Lc 1,25). Deus nos fala através de Isabel e revela sua predileção pelos pequeninos.
O texto de Lucas sugerido para este domingo relata a peregrinação de Maria até a casa de sua prima Isabel (Lc 1,39-45). A perícope escolhida narra o encontro de duas mulheres, duas mães grávidas, destinatárias da atenção e do amor de Deus.
A viagem feita por Maria foi marcada pela alegria da escolha divina e também pela incerteza do coração humano. Maria havia dito sim a um grande projeto. A partir da visita do anjo, passara a valer a Palavra de Deus (Lc 1,38), a proposta de Deus, e não mais a sua palavra, a sua proposta. Entretanto, as nossas opções e certezas carregam as inseguranças próprias do ser humano. Então, a viagem de Maria foi marcada pela alegria da escolha, mas também pelo temor diante da responsabilidade assumida. Nesta situação Maria foi visitar sua prima.
Em algumas situações faz bem estar na presença de pessoas queridas e ouvi-las nos momentos significativos das nossas vidas, quando estamos frente a grandes decisões. A resposta será sempre pessoal. Porém, o conforto, a presença e a expressão oral de pessoas de confiança ajudam muito. Maria fez isso. Por isso, a viagem até a casa de Isabel. Humanamente precisava conversar com a prima. Acalmar o coração, reafirmar o sim dado.
Então Isabel, a nossa companheira, na peregrinação na quarta semana do Advento, assume o protagonismo do encontro. Olhemos com atenção especial para Isabel e as palavras que dirigiu a Maria, sua prima.
As palavras que dirige a Maria dão a jovem de Nazaré a certeza de que Deus a havia escolhido para uma grande missão. Na verdade Deus continuou falando a Maria. Antes, falou através do anjo. Agora fala pelos lábios de Isabel. E o filho que Isabel carregava no ventre também se manifestou (Lc 1,44). Não havia dúvida quanto à escolha de Deus.
Isabel dirige a Maria três expressões que sustentam a escolha especial da jovem de Nazaré.
Afirma que Maria é “bendita entre as mulheres e bendito é o fruto do seu ventre”. Aquela jovem mãe trazia para o povo a bênção de Deus, por isso a alegria de Isabel. Ela recebia na sua casa alguém mais que a parente, recebia a escolhida de Deus, a mulher que trazia a bênção, a salvação, o verbo encarnado. A mãe idosa reconhece a bendição de Deus. O sim de Maria abria caminho para a bênção a todo o povo.
A segunda expressão dirigida à Maria: “mãe do meu Senhor”. Ali Isabel dá um título a Maria agradece o merecimento de tão importante visita. Confirma as palavras que Anjo Gabriel já havia dirigido a Maria (Lc 1,32) confirmando ser ela portadora de uma grande proposta, ser a mãe do Senhor da humanidade. Através de Maria, o verbo encarnado assumiria o senhorio do mundo e de todas as pessoas de fé.
Por fim, Isabel chama Maria de bem-aventurada pela sua fé colaboradora: “bem-aventurada aquela que acreditou”. A manifestação de Isabel dirigida a Maria diz respeito ao seu ato de fé. Ela assumiu uma responsabilidade, o caminho traçado por Deus e por este ato de coragem e doação merecia o reconhecimento da prima e de todo o povo de Israel. Verdadeiramente Maria fez-se bem-aventurada pela capacidade de colocar-se a serviço do plano de Deus. No texto de Mateus, 5,1-12, o Filho de Maria proclama bem-aventurados aqueles que também se colocam a serviço da causa do Reino e assumem as consequências desse compromisso. Maria fez esta opção com antecedência e Isabel reconheceu a sua importância.
Nas palavras de Isabel está expresso o agradecimento do povo de Israel pela coragem e pelo sim de Maria. Ela fala por si e pelo seu povo.
Isabel é a nossa companheira de viagem nessa quarta semana do Advento. Ensina-nos o valor da esperança que não esmorece. Uma mulher idosa, casada com um homem idoso dão ao mundo o precursor do salvador, João Batista e ela mesma ajuda Maria a compreender o valor do seu gesto de doação à causa de Deus. Ensina o sentido de se ter um coração agradecido porque agradece a Deus, que olhou para ela e seu povo, e Maria, que intercedeu por ela e seu povo.
Com Isabel caminhemos nesta quarta semana com o olhar esperançoso e o coração agradecido ao encontro do Senhor que vem.
Pe. Ari Antonio dos Reis