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Jayme Caetano Braun: o legado do payador missioneiro Poeta, radialista e referência da cultura gaúcha, sua obra eterniza o tradicionalismo no Brasil e além-fronteiras

Foto: Arquivo CP

Jayme Guilherme Caetano Braun nasceu em 30 de janeiro de 1924, na localidade de Timbaúva, então distrito de São Luiz Gonzaga, hoje pertencente ao município de Bossoroca, na Região das Missões do Rio Grande do Sul. Filho de João Aloysio Thiesen Braun, descendente de alemães, e de Euclides Ramos Caetano Braun, de uma tradicional família pecuarista missioneira, Jayme tornou-se um dos maiores nomes da poesia e da música gaúcha.

Renomado payador e poeta, foi prestigiado não apenas no Brasil, mas também na Argentina, Uruguai, Paraguai e Bolívia. Conhecido como El Payador, também utilizou os pseudônimos Piraju, Martín Fierro, Chimango e Andarengo.

Jayme se destacou ao lado de grandes nomes da música regionalista, como Pedro Ortaça, Noel Guarany, Cenair Maicá (os Troncos Missioneiros) e Teixeirinha. Sua trajetória o levou a ser eternizado em monumentos: há uma estátua sua no Parque Maurício Sirotsky Sobrinho, em Porto Alegre, e um complexo turístico em sua homenagem em São Luiz Gonzaga.

Desde jovem, teve grande interesse pelo conhecimento. Sonhava em ser médico, mas, sem formação superior, tornou-se autodidata, especialmente nos assuntos da cultura sulina e da medicina popular, afirmando que “todo missioneiro tem a obrigação de ser um curador”.

Aos 16 anos, mudou-se para Passo Fundo, onde viveu até os 19. Lá, completou os estudos no Colégio Marista Conceição. No final dos anos 1950, cofundou a Academia Nativista Estância da Poesia Crioula, um grupo de poetas tradicionalistas que se reunia em Porto Alegre para enaltecer a cultura gaúcha.

Além de poeta e radialista, Jayme atuou como funcionário público. Trabalhou no Instituto de Pensões e Aposentadorias dos Servidores do Estado (IPASE) e foi diretor da Biblioteca Pública do Estado entre 1959 e 1963, aposentando-se em 1969. Seu vasto conhecimento sobre medicamentos fez com que se destacasse na farmácia do IPASE.

Na política, iniciou sua trajetória em 1945, participando de comícios como payador. Seu poema O Petiço de São Borja, publicado em jornais e revistas, homenageava Getúlio Vargas. Também escreveu O Mouro do Alegrete, dedicado ao político Ruy Ramos, que foi responsável por lançar Jayme como payador no 1º Congresso de Tradicionalismo do Rio Grande do Sul, em 1954.

Casou-se duas vezes: a primeira, em 1947, com Nilda Jardim, com quem teve dois filhos, Marco Antônio e José Raimundo. Em 1988, casou-se com Aurora de Souza Ramos, com quem teve Cristiano.

Nos anos seguintes, apoiou campanhas de Leonel Brizola, João Goulart e Egídio Michaelsen. Em 1962, concorreu a uma vaga na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul pelo PTB, ficando como suplente.

Jayme Caetano Braun faleceu em 8 de julho de 1999, vítima de uma parada cardíaca, em Porto Alegre. Seu corpo foi velado no Palácio Piratini e sepultado no Cemitério João XXIII. No dia seguinte ao seu falecimento, estava programado o lançamento de seu penúltimo disco, Êxitos 1.

No dia 30 de janeiro, Jayme Caetano Braun completaria 101 anos de vida, reafirmando seu legado como um dos maiores nomes da cultura gaúcha. O poeta, radialista e payador missioneiro imortalizou a tradição sul-rio-grandense em versos que ainda ecoam no coração do rio grande. Mesmo após sua partida, sua obra segue viva, mantendo acesa a chama do tradicionalismo.

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