Sejamos capazes de proclamar o bem!
O dia 3 de fevereiro é assinalado no calendário litúrgico como o dia de São Brás, bispo e mártir que viveu no século IV. Segundo a tradição São Brás foi bispo de Sebaste, na Armênia, atual Turquia. Antes de tornar-se bispo exerceu a medicina e atendia a todos com bondade e sem distinções. Depois de um tempo de discernimento optou por deixar o ofício de médico para dedicar-se à oração, vivendo como eremita. A sua fama de homem bom e atencioso fez com seus conterrâneos o escolhessem para seu pastor liderando a diocese local.
Sua missão aconteceu no século IV período em que foi martirizado depois de grande perseguição e prisão a mando do governador local que insistia para que renunciasse à fé cristã. A devoção como padroeiro contra os males de garganta se deve à tradição de ter curado uma criança engasgada por ter engolido uma espinha de peixe.
Costumeiramente no dia dedicado a sua memória se invoca a bênção da garganta, com duas velas entrelaçadas, sob seguinte fórmula: por intercessão de São Brás, bispo e mártir, o Senhor te livre do mal da garganta e de qualquer outra doença. Existe também uma oração a São Brás: “o glorioso São Brás, que restituístes com uma breve oração a perfeita saúde a um menino que, por uma espinha de peixe atravessada na garganta, estava prestes a expirar, obtende para nós todos a graça de experimentarmos a eficácia do vosso patrocínio em todos os males da garganta. Conservai a nossa garganta sã e perfeita para que possamos falar corretamente e assim proclamar e cantar os louvores a Deus. Amém”.
A preocupação com a saúde é constante na vida de todos nós. Quando a doença atinge a pessoa ou a sua família vive-se momento de grande insegurança. A fé, sem dúvida alguma, ajuda ao enfrentamento e à busca da cura. Os relatos bíblicos são ricos em situações em que as pessoas pela sua fé foram até Jesus Cristo em vista da cura (Mc 1,32. 40; 2,5). Lembro especialmente o chefe da Sinagoga chamado Jairo que foi pedir pela filha porque tinha fé em Jesus (Mt 5, 22-23. 36). A mesma perícope narra o fato da mulher que buscava tocar nas vestes de Jesus porque acreditava seria curada (Mt 5,29). Completa o episódio do soldado romano que pede pelo seu servo (Mt 8, 5-13). A fé nos leva a Jesus. A fé deve nos converter a partir de Jesus.
É importante que se busque não somente a cura dos males físicos da garganta. Pela garganta passa a nossa voz. Através da voz nos comunicamos com os outros, manifestamos nossas vontades, emitimos opiniões. A voz permite também a interação com o mundo. Os evangelistas também relatam a cura de pessoas incapacitadas de se comunicar. É necessário que libertos dos males físicos da garganta e a voz possamos usá-las também para o bem. O uso da de ambas passa pelo compromisso de compreendê-las como um instrumento para o bem ou para o mal.
Tem gerado grande preocupação as tantas situações de agressões verbais violentas quando as pessoas são contrariadas em suas vontades ou se veem no direito de espalhar ódio, raivas e rancores. No caso, a voz, que brota da garganta é um instrumento que vai semeando o mal através também das fofocas, manifestações preconceituosas, racismos, agressões, mentiras.
Busquemos a cura também desse mal seguindo a orientação do apóstolo Paulo à comunidade dos Efésios: que da boca de vocês não saia nenhuma palavra que prejudique mas palavras boas para a edificação no momento oportuno, a fim de façam o bem para todos os que as ouvem (EF 4,29).
Que São Brás nos livre dos males físicos da garganta. Que a consciência cristã nos inspire a fazermos o bom uso da nossa voz.