Uma pesquisa desenvolvida no curso de Engenharia Civil da Faculdade de Engenharia e Arquitetura Universidade de Passo Fundo (Fear/UPF) revelou dados preocupantes sobre os acidentes de trânsito no município de Passo Fundo. O Trabalho de Conclusão de Curso da acadêmica Michelle Trevisan da Silva, orientado pelo professor Francisco Dalla Rosa, demonstra, por exemplo, que mais de 50% dos acidentes sem lesões acontecem na área central do município. Além disso, os anos de 2011 e 2012, período analisado, somaram mais de 5,2 mil acidentes de trânsito, conforme dados da Secretaria Municipal de Segurança Pública.
De acordo com o professor Francisco, o processamento dos dados, feito totalmente de forma manual, foi uma das principais dificuldades encontradas, tendo em vista que esses dados são compilados de formas distintas pela Brigada Militar e pela Secretaria Municipal de Segurança Pública. Apesar de um dos objetivos do trabalho ter sido o de verificar o impacto que as mudanças no trânsito provocaram no número de acidentes, tal análise não foi possível, em razão de, por exemplo, algumas mudanças ainda estarem em andamento e, além disso, em razão do fato de os usuários das vias não aderirem às rotas alternativas de forma imediata, ação que demanda um tempo considerado significativo.
Entre os aspectos avaliados, foi possível identificar os locais com maior concentração de acidentes, os tipos de veículos e o perfil das pessoas envolvidas. Dentre as principais conclusões do trabalho, pode se evidenciar a influência da Avenida Brasil e da Avenida Presidente Vargas nas ocorrências. A região central registrou, nos anos de 2011 e 2012, pelo menos 53% dos acidentes atendidos pelos Agentes Municipais de Trânsito. Os setores do município que englobam os bairros Centro, Boqueirão, Petrópolis, São Cristóvão e Vila Rodrigues, quando somados, contabilizaram aproximadamente 85% do número total de ocorrências.
Perfil do usuário
Com relação ao perfil do usuário, o estudo demonstrou que a faixa etária com maior taxa de envolvidos em acidentes em relação ao total de condutores na faixa é de 25 a 30 anos, tanto para homens quanto para mulheres. Além disso, em 75% dos casos, os motoristas eram homens e em 20% mulheres. Os 5% restantes evadiram do local do acidente e, por conseguinte, não puderam ser identificados.
Tipos de acidente
Os três principais tipos de acidentes registrados foram colisão (traseira ou dianteira), abalroamento (lateral) e choque (com objeto estático). Os meses com maiores números de ocorrência foram março, julho e agosto. Já nos meses de fevereiro, maio e junho, foram registrados os menores índices. Com relação ao horário, o turno da tarde é o que concentra o número mais elevado de acidentes. Em 90% dos casos, os acidentes envolveram apenas dois veículos.
Veículos
A maior parte dos acidentes envolve automóveis e motocicletas. No entanto, quando se avalia a relação da frota de determinado tipo de veículo com o número de ocorrências, um dado chama a atenção. Na categoria ônibus, os números revelaram que 50% da frota teve algum envolvimento em acidentes. No entanto, em relação ao total de ocorrências, isso representa apenas 12%. No caso dos automóveis, que se envolveram em 65% do total dos acidentes, o número de envolvidos em relação à frota é de apenas 2,3%.
Negligência, imprudência e imperícia
Conforme a acadêmica Michelle, outras situações implícitas deixam essa questão ainda mais preocupante. O número de acidentes apurado na análise das ocorrências registradas pela Guarda Municipal de Trânsito apresenta uma média de quase sete acidentes por dia. No entanto, há ainda um número desconhecido de acidentes que não são reportados, que são aqueles em que os condutores se acertam sem acionar alguma autoridade, e os acidentes com lesões, que são registrados pela Brigada Militar. “Na minha pesquisa, pude encontrar referências que definem que o acidente de trânsito é fruto, normalmente, de três coisas: negligência, imprudência e imperícia. Algum desses três fatores ocasiona o acidente”, acrescenta. Segundo ela, o objetivo é seguir o estudo sobre mobilidade urbana no mestrado. O trabalho de conclusão da acadêmica já foi utilizado pela Secretaria de Segurança Pública como apoio para a tomada de decisões.











