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Maria, peregrina de esperança Fazei tudo o que Ele vos disser (Jo 2,5)

Pe. Ari Antonio dos Reis

Neste domingo, 12 de outubro, celebramos a Solenidade de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil e da Arquidiocese de Passo Fundo. A Solenidade tem um acento histórico significativo que vem desde 1717 quando uma imagem foi encontrada no Rio Paraíba por três pescadores pressionados a encontrarem peixes para um fidalgo da região. Encontraram algo mais precioso, a Mãe que veio ao encontro deles e ampará-los na angústia e sofrimento. Felipe Pedroso, Domingos Garcia e João Alves representavam os pobres daquele tempo que viviam as situações difíceis e viram naquele encontro um sinal para continuarem peregrinando. Leram aquele encontro com o olhar da fé. Para eles o encontro da imagem não foi um acaso.

Foi um sinal de Deus, que enviou sua filha para cuidar, acompanhar e consolar seus filhos que viviam uma realidade muito difícil, fruto da desigualdade social reinante no Brasil. E Felipe fez uma casa para a Mãe, posteriormente transformada em um oratório onde a vizinhança se encontrava para rezar o terço. Ela foi encontrada e permitia que, ao seu redor os devotos se encontrassem para rezar e na oração a renovação da esperança que emerge da fé. Como se diz a fé permite a renovação da esperança a cada dia.

Com o passar do tempo ela, já conhecida como “Aparecida”, apareceu nas águas, entrou no coração dos brasileiros e foi declarada Padroeira do Brasil, aquela com a missão de cuidar dos brasileiros. Foi também declarada padroeira da diocese de Passo Fundo quando criada em 1951. Assim, Maria, peregrina de esperança, se fez presente na vida dos brasileiros e dos diocesanos como mãe que convida a manter acesa a chama da esperança, mesmo em meio aos desafios.

A Palavra de Deus que ilumina a celebração deste domingo tem a marca da esperança, que é mantida mesmo em uma realidade que a ameaça. A primeira leitura, tirada do livro de Ester (Est 5,1b-2;7,2b-3), apresenta a prece de uma mulher preocupada com a vida do seu povo. Ester pede, com sabedoria e discernimento, ao rei pela sua gente. Ela pede a vida do seu povo. É um pedido simples e direto, porém de grande profundidade e alcance.

Não pede para si. Pede para o seu povo. É intercessora. No pedido ela extrapola a possibilidade de um coração egoísta, porque está preocupada com a integridade da sua gente. Mesmo que, sendo rainha, estivesse segura, compreende que não estaria bem vendo sua gente insegura. Por isso, pede pela vida do seu povo. O pedido de Ester é a oração que o povo leva a Nossa Senhora, a intercessora. Eles não pedem muito. Pedem a vida digna para aqueles que amam, porque se os seus estão bem, eles também estarão bem. A oração intercessora de Ester é um sinal da oração que brota dos lábios do nosso povo.

A narrativa das Bodas de Caná, segundo João (Jo 2,1-11), é lida neste domingo na perspectiva mariana. A mãe de Jesus, assim como o Filho e os discípulos, foi convidada para uma festa de casamento. Na tradição bíblica casamento é momento de alegria e confraternização, sinal da aliança definitiva entre Jesus e a humanidade. Aquela aliança estava ameaçada pela ausência de vinho e Maria percebeu. Ali se expressou a sensibilidade da mãe de Jesus. Ela percebeu que faltava algo naquela festa e manifestou sua preocupação ao Filho: “eles não têm mais vinho” (Lc 2,3). Seu interlocutor era o filho. Ali Maria era a intercessora, como fora Ester. Ela intercedeu junto ao Filho. Mesmo que Ele dissesse que sua hora ainda não havia chegado, para ela aquele era o momento e assim se fez.

Em seguida, Maria se dirigiu aos trabalhadores da festa, aqueles que deveriam garantir a alegria, com outro pedido: “fazei tudo o que ele vos disser” (Lc 2,5). Então provocou duas atitudes: a escuta e a ação correta. Ela mesmo agiu desse modo no momento da anunciação. Escutou a Palavra e agiu segundo a Palavra (Lc 1,26-38). Tinha experiência da escuta e da ação a partir da escuta. Por isso, a orientação aos trabalhadores: “fazei tudo o que ele vos disser”. Assim, a intercessão de Maria gerou boas consequências. E cumprindo o pedido serviu-se o melhor vinho. Maria, naquela festa, transformou-se de coadjuvante para operadora do bem junto com seu Filho.

Segundo sua sensibilidade viu que algo não estava vem. Diante da percepção provocou, como intercessora, a ação do Filho e também dos trabalhadores. Criou comunhão entre ambos partir de um simples pedido, como simples sempre fora o seu caminho: “fazei tudo o que ele vos disser”. A comunhão entre o Filho e trabalhadores, provocada por Maria gerou a grande novidade, o vinho bom. Ela lê a dificuldade, provoca a ação e, na ação, cria comunhão. E todos viram um grande sinal, uma bonita novidade, experimentaram o vinho novo, o vinho bom a esperança para aquelas pessoas.

Fazendo-se presente como Nossa Senhora Aparecida, Maria, aquela que esteve nas bodas de Caná da Galileia peregrina no solo brasileiro. Faz isso para trazer esperança para o povo. Ela vê quando as coisas não estão bem. Diante disso se dispõe a peregrinar com os brasileiros, orientando a se aproximarem de Jesus e “fazerem tudo o que ele disser” para manterem viva a esperança.

Pe. Ari Antonio dos Reis.

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