Novamente, os monitores relataram as dificuldades encontradas no dia a dia das casas. “O problema é a insegurança e falta de funcionários e não a estrutura física. E não somos apenas nós que corremos risco, as crianças também”, relatou uma servidora, lembrando dos casos em que adolescentes violentos põem em risco a integridade física dos demais. Depois de ter sofrido violência, outra monitora relatou que ainda enfrenta repercussão psicológica. “Fico noites sem dormir e ainda sou tachada de louca”, afirmou.
A falta de pessoal também afeta a rotina dos monitores. “Trabalhamos em duas colegas de noite, mas como um interno está no hospital, fica somente uma na casa cuidando de 16 crianças”, disse uma das participantes. “Durante o dia somos em três, mas às vezes fica somente uma na casa, pois as outras precisam acompanhar os atendidos nas atividades externas”, contou outra monitora.
A falta de assistência por parte da Administração também deixa o grupo apreensivo. “Alguns vizinhos reclamam que não levamos as crianças no pátio, mas como levar se a grama está alta e a prefeitura não manda ninguém para cortar? Já achamos escorpiões na grama”, dizem. Além disso, “precisamos assumir funções de cozinha e limpeza, pois falta pessoal dessas áreas, que são atendidas pelo PAC e terceirizados”.
Segundo o presidente do Simpasso, Marcelo Domingues Ebling, a intenção é fazer um amplo debate com a sociedade para modificar esta realidade. “Não é meramente jogar a situação para a mídia, mas sim encorpar a discussão. Nós podemos, se a situação continuar assim, ter um caso semelhante ao que ocorreu recentemente em Pernambuco. O nível de exposição que vocês enfrentam dentro das casas está no limite. As palavras que mais ouvimos de vocês são medo, receio e pressão”, alegou.
O procurador jurídico do Simpasso, Alcindo Roque, lembrou que é preciso garantir os direitos dos servidores, como o número ideal de monitores e a segurança no exercício da função. “Vamos à promotoria e não podemos minimizar nada. Por várias vezes precisamos socorrer servidores já que a Administração não o fez. O sindicato vai trabalhar pela integridade física e psicológica dos servidores. Se a Administração e o Ministério Público não tomarem atitudes, o sindicato irá tomar, buscando a responsabilização desses órgãos”, afirmou.