Em determinada família, enquanto os pais trabalhavam na lida do campo, os meninos tinham a tarefa de cuidar das ovelhas, um dia cada um. Porém, um deles não gostava do serviço. Levava os animais ao pasto, a contragosto, e avistava seus pais e irmãos, ao longe, trabalhando na lavoura da família. As ovelhas não podiam ficar sozinhas, pois havia o perigo dos lobos, que as perseguiam e matavam.
Certo dia, para chamar a atenção dos pais, a fim de que destacassem outro irmão para o serviço, usou de um reprovável expediente. Começou a gritar:
– Olha o lobo! Olha o lobo!
Os pais, ouvindo os gritos do menino, foram até ele, em louca disparada, para defendê-lo e também proteger as ovelhas.
Ao chegarem, constataram ser tudo mentira do menino. Ele simplesmente queria que encarregassem daquele serviço outro mano. Depois de repreendê-lo, os pais retornaram a seus afazeres.
Não tardaram a ouvir novamente os gritos:
– Olha o lobo! Olha o lobo!
Os pais estranharam, mas, na dúvida, acorreram até o local. E viram-se novamente ludibriados pelo garoto. Depois da admoestação e dos conselhos, retornaram ao trabalho, chateados e tristes.
Quando tudo parecia normalizado, eis os gritos do menino de novo:
– Olha o lobo! Olha o lobo!
Dessa vez ninguém acorreu para protegê-lo, pois achavam ser nova mentira do garoto. E os gritos continuaram insistentes, pedindo socorro, até se calarem totalmente.
Os pais continuaram a trabalhar, comentando sobre o tratamento a ser dado ao filho.
Antes da noite, ao voltarem para casa, passando pelo campo de pastagem das ovelhas, encontraram uma cena macabra: os lobos verdadeiramente estiveram lá, mataram as ovelhas e feriram gravemente o menino, que quase agonizava. Felizmente os médicos conseguiram salvá-lo.
O menino aprendeu a lição: não se deve mentir nunca. Quem mente, perde a confiança. No dia em que precisar verdadeiramente de ajuda, ninguém mais acreditará.