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Ministério Público apura possível envolvimento de facção criminosa no Corinthians e investiga um imóvel que teria sido utilizado por jogadores O promotor investiga se Fausto Vera, Rodrigo Garro e Talles Magno ficaram hospedados em um apartamento associado a José Carlos Gonçalves, conhecido como Alemão, apontado como integrante de uma facção criminosa

Parque São Jorge, sede social do Corinthians — Foto: José Edgar de Matos

Além de apurar o uso de cartões corporativos e os relatórios de despesas da presidência do Corinthians, o Ministério Público de São Paulo também investiga possíveis vínculos entre o clube e a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).

A investigação foi ampliada após o depoimento de Romeu Tuma Júnior, presidente do Conselho Deliberativo do Corinthians, que afirmou ao MP, em 14 de agosto, que “o crime organizado se infiltrou” no clube. Tuma ainda relatou estar sofrendo ameaças em razão de sua atuação no caso.

O promotor Cássio Roberto Conserino, responsável pela investigação, suspeita que alguns jogadores do Corinthians possam ter se hospedado em um imóvel pertencente a José Carlos Gonçalves, conhecido como Alemão, apontado em outras apurações como integrante relevante do crime organizado.

Em manifestação apresentada no processo na última sexta-feira, o promotor solicitou esclarecimentos dos atletas Fausto Vera, Rodrigo Garro e Talles Magno. Ele quer confirmar se os três realmente residiram em um apartamento localizado no bairro Anália Franco, vinculado a Alemão, e se o clube teve algum papel na intermediação do contrato de locação.

É importante destacar que, até o momento, não há indícios de que os jogadores tenham cometido qualquer crime. Eles foram chamados a depor apenas como testemunhas.

O promotor busca compreender os motivos que levaram à escolha do imóvel em questão e se existem ligações mais profundas entre o Corinthians e José Carlos Gonçalves, o Alemão.

Essa não é a primeira vez que o clube é associado ao Primeiro Comando da Capital (PCC). Investigações anteriores da Polícia Civil e do Ministério Público apontaram que recursos oriundos do contrato com a ex-patrocinadora VaideBet teriam sido repassados a empresas com vínculos com a facção.

Outro nome a levantar suspeitas foi o ex-diretor de futebol Rubens Gomes, o Rubão, que em 2024 também afirmou haver conexões entre o Corinthians e o crime organizado. No mesmo ano, o clube apareceu em uma investigação que revelou a atuação de Rafael Maeda Pires, conhecido como Japa do PCC, como intermediador nas negociações dos jogadores Du Queiroz e Igor Formiga.


Andamento da investigação

Na última semana, o Corinthians comunicou ter iniciado a entrega dos documentos exigidos pelo Ministério Público, abrangendo o período de 2018 a 2025. Inicialmente, foram apresentadas apenas as faturas dos cartões de crédito corporativos, mas a diretoria afirma ter concluído o envio com a inclusão dos relatórios de despesas da presidência. Até a noite da última segunda-feira, a promotoria ainda não havia confirmado o recebimento completo dos documentos.

Também na segunda-feira, estava previsto o depoimento de João Clóvis, dono de um restaurante suspeito de fornecer notas fiscais frias ao clube durante a gestão de Duilio Monteiro Alves. No entanto, a oitiva foi adiada após a defesa de Clóvis entrar com um habeas corpus.

Depois de ouvir o presidente do Corinthians, Osmar Stabile, e outros membros da diretoria, o promotor Cássio Conserino pretende agora colher o depoimento do vice-presidente Armando Mendonça, cuja oitiva foi marcada para a próxima segunda-feira.

Investigação do Ministério Público

O Procedimento Investigatório Criminal (PIC) foi instaurado pelo Ministério Público no dia 30 de julho e tem como objetivo apurar possíveis crimes cometidos no âmbito do Corinthians, incluindo apropriação indébita, estelionato, furto qualificado, falsidade ideológica e associação criminosa.

Inicialmente, o foco da apuração era o suposto uso irregular de cartões de crédito corporativos durante as gestões de Andrés Sanchez e Duilio Monteiro Alves. No entanto, com base em um relatório divulgado pelo ge, o MP expandiu a investigação para analisar também os gastos da presidência na atual administração, sob o comando de Augusto Melo.

Em 21 de agosto, antes mesmo da eleição indireta que colocou Osmar Stabile como presidente interino até o final de 2026, o MP solicitou à Justiça o afastamento dos três últimos presidentes do clube. Até o momento, não houve decisão judicial sobre esse pedido, assim como ainda não foi definida a quebra de sigilo dos cartões de crédito do Corinthians.

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Créditos: G1

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