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Ministérios leigos: sal da terra e luz do mundo

Pe. Ari Antonio dos Reis

Neste quarto domingo do mês de agosto, mês vocacional, rezemos pela riqueza da presença dos diferentes ministérios leigos atuantes na missão da Igreja e contribuindo para que esta seja testemunho evangélico no mundo. Assumem a missão a partir de uma amizade profunda com Deus, à qual foram chamados e que, por sua vez, os impele a agir na Igreja e no mundo.

O Documento da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, que trata da missão dos leigos, tem como título: “Cristãos leigos e leigas na Igreja e na sociedade, sal da terra e luz do mundo” (cf. Mt 5,13-14), publicado em 2015, e relata os princípios deste compromisso assumido pelos leigos e leigas brasileiros, herdado a partir do Sacramento do Batismo, pelo qual são incorporados a Cristo.

Estes dois espaços de ação dos leigos e leigas são fundamentais para que vivam o discipulado de Jesus Cristo em tempos atuais. Tais espaços não são separados ou isolados entre si, mas estão em plena complementaridade.

A separação acarretaria uma compreensão de fé equivocada e deficitária, segundo os princípios do Concílio Vaticano II, que afirma que a Igreja de Cristo está no mundo e age no mundo, testemunhando o seu Evangelho através de seus discípulos. Afirma isso na Constituição Pastoral Gaudium et Spes: “as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo; e não há realidade alguma verdadeiramente humana que não encontre eco no seu coração. Porque a sua comunidade é formada por homens que, reunidos em Cristo, são guiados pelo Espírito Santo na sua peregrinação em demanda do reino do Pai, e receberam a mensagem da salvação para a comunicar a todos. Por este motivo, a Igreja sente-se real e intimamente ligada ao gênero humano e à sua história” (GS 1).

O mundo, com suas alegrias, dificuldades e desafios, é o lugar dos leigos e leigas, discípulos de Cristo, proclamarem e testemunharem a sua fé. É o lugar do anúncio do Evangelho. O Documento de Aparecida (2007) assegura esta conexão construída pela fé batismal ao afirmar que os leigos são homens e mulheres da Igreja agindo no coração do mundo, e homens e mulheres do mundo agindo no coração da Igreja (cf. DAp 209). Ou seja, sua ação se dá no seio da Igreja e no coração do mundo.

Na perspectiva dos processos internos da Igreja, no agir ordinário em vista da evangelização, vê-se a importância da presença dos ministérios leigos, fortalecendo e enriquecendo sua missão. A Igreja, sem a presença dos ministérios leigos, é pobre e frágil. Por isso, é motivada a promover cada vez mais os ministérios leigos em vista de seu enriquecimento e fortalecimento. Neste sentido, é conclamada a acolher e formar pessoas para o bom exercício desses ministérios.

As diferentes reflexões do processo sinodal iniciado em 2021, e ainda em vigor, têm assinalado a necessidade de acolher e dar oportunidade para a participação dos leigos nos diferentes setores eclesiais, provocando a escuta, a participação e a amplitude dos processos decisórios.

A condição de batizados dada aos leigos e leigas, incorporados a Cristo, permite também este estatuto e responsabilidade. O Documento final da XVI Assembleia Sinodal lembra este compromisso: “Na comunidade cristã, todos os batizados são enriquecidos com os dons de partilhar, cada um segundo a vocação e a condição de vida. As diversas vocações eclesiais são, de fato, expressões múltiplas e articuladas do único chamado batismal à santidade e à missão” (n. 57). Tal condição sugere aproveitar estas riquezas de dons presentes nas comunidades, a fim de que contribuam no fortalecimento do trabalho eclesial. Isso implica assumir o princípio sinodal da participação e da comunhão.

Os leigos e leigas têm também compromisso evangelizador com a sociedade. Assumir a atitude de ser sal e luz implica agir no mundo segundo a proposta de Jesus. Aliás, o compromisso dos leigos é primordialmente no mundo, onde apresentam a proposta de Jesus, o seu Evangelho. É a índole secular da ministerialidade leiga, agindo verdadeiramente como luz para o mundo. Como afirma o Documento final da XVI Assembleia Sinodal: “ primeira tarefa dos leigos e leigas é permear e transformar as realidades temporais com o espírito do Evangelho” (n. 66), para que fiquem impregnadas do sentido cristão. É o ato de assumir o princípio sinodal da missão.

A celebração da vocação e dos ministérios leigos é também um convite à memória. Implica reconhecer a contribuição que homens e mulheres deram à Igreja, assumindo a missão em diferentes lugares do mundo, muitas vezes em condições adversas.

É um convite à responsabilidade de promover e ampliar processos de participação, para que os leigos verdadeiramente se sintam protagonistas nos processos de evangelização.

É um convite a acolher a inspiração que vem do Espírito Santo. Ele sopra onde quer. Acolhamos seus recados em relação à presença dos leigos e leigas em nossa Igreja.

Sempre lembremos de agradecer este testemunho valioso. São sal e luz!

Pe. Ari Antonio dos Reis

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