A Polícia Federal concluiu que o ministro das Comunicações, Juscelino Filho (União Brasil-MA), integra uma organização criminosa e cometeu o crime de corrupção passiva relacionado a desvios de recursos de obras de pavimentação custeadas com dinheiro público da estatal federal Codevasf.
Juscelino foi indiciado sob suspeita dos crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro, corrupção passiva, falsidade ideológica e fraude em licitação.
As suspeitas envolvem irregularidades em obras executadas em Vitorino Freire (MA), cidade governada por Luanna Rezende, irmã do ministro, e bancadas por emendas parlamentares indicadas pelo ministro de Lula no período em que ele atuava como deputado federal.
Juscelino passou a ser investigado após a PF encontrar mensagens entre ele e Eduardo DP no celular do empresário apreendido na primeira fase da operação Odoacro.
Segundo relatório da PF, as mensagens analisadas no inquérito reforçam a “atuação criminosa de Juscelino Filho” e demonstram que a “sua função na Orcrim (organização criminosa) era conhecida por todos os membros”
A PF também pediu busca contra Juscelino, mas o então relator do caso, o ministro do STF Luis Roberto Barroso, negou o pedido.
Repercussão política
Quando surgiram os primeiros rumores envolvendo o nome do ministro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) bancou a permanência do titular das Comunicações no cargo, apesar das suspeitas de uso indevido de recursos públicos.
A manutenção do ministro na Esplanada quebrou a promessa do petista de não acolher no governo integrantes do primeiro escalão envolvidos em irregularidades.
O presidente disse à imprensa, nesta quinta-feira (13), que o ministro “tem o direito de provar que é inocente”.
Em nota, Juscelino afirmou ontem que o seu indiciamento pela PF é “uma ação política e previsível” e “parte de uma apuração que distorceu premissas, ignorou fatos e nem sequer ouviu a defesa sobre o escopo do inquérito”. O ministro das Comunicações disse ainda que a investigação “repete o modus operandi da Operação Lava Jato”.
O União Brasil manifestou ontem “total apoio” a Juscelino. A legenda, por meio de nota de sua Executiva Nacional, criticou o que chamou de “prejulgamentos”.
“Ainda vou conversar hoje e vou tomar uma decisão sobre esse assunto”, completou Lula, sem dar maiores detalhes.