O Tribunal do Júri de Santo André, São Paulo, condenou Ana Flávia Martins Meneses Gonçalves, a 85 anos, 5 meses e 23 dias de reclusão pelo assassinato dos pais e do irmão em 2020, em São Bernardo.
O pai e o irmão da condenada são naturais de Cocal, no Piauí. Em novo julgamento, realizado nesta terça-feira (27), Ana Flávia foi considerada culpada pelos crimes de homicídio triplamente qualificado, roubo majorado, destruição de cadáver e associação criminosa.
Esse é o segundo julgamento do caso. Em 2023, Ana e outras quatro pessoas foram condenadas pelo Tribunal do Júri porém, o julgamento da ré foi anulado pela 2ª Câmara de Direito Criminal do TJ-SP.
Na época, ela recebeu pena de 61 anos, cinco meses e 23 dias de reclusão, sendo considerada culpada apenas pelas mortes dos pais e inocentada pela morte do irmão. Além dela, a então namorada, Carina Ramos de Abreu, e mais uma terceira pessoa também foram condenados, respectivamente, a 74 anos, sete meses e dez dias de reclusão; e 56 anos, dois meses e 20 dias de reclusão. Todos em regime inicial fechado.
O casal e o filho adolescente foram achados carbonizados no carro da família, no limite entre São Bernardo e Santo André. O carro foi queimado. A investigação da Polícia Civil apontou que eles foram mortos com pancadas no lado direito da cabeça dentro da casa onde moravam no condomínio Morada Verde, em Santo André. A causa da morte dos três, segundo laudo preliminar do Instituto Médico Legal, foi traumatismo cranioencefálico. Os corpos, de acordo com a polícia, foram identificados pelas arcadas dentárias.
A investigação também apontou que o pai e o irmão de Ana foram os primeiros a serem mortos. Já a empresária foi morta por último e ainda teria sido obrigada a dirigir o carro com os corpos do filho e marido.
A apuração apontou que o crime foi praticado por dinheiro, R$ 85 mil que estavam em um cofre na casa da família. Além da namorada de Ana, três comparsas foram acusados pelo crime.
“Os cinco subtraíram objetos, mataram e carbonizaram as vítimas, cujos corpos foram encontrados apenas no dia seguinte dentro de um carro”, afirmou o TJ-SP.
Para definir a sentença, o juiz Lucas Tambor Bueno, que presidiu o júri popular em Santo André, destacou as circunstâncias agravantes do homicídio qualificado contra ascendentes e sob prevalência de relações domésticas de coabitação ou de hospitalidade – e afirmou que houve nítida premeditação para os crimes.
“Ele também reforçou que a acusada tinha acesso à residência dos ofendidos, seus genitores, inclusive por meio de dispositivo para ingressar no condomínio em que residiam” disse o TJ-SP.
De acordo com o processo, a sentenciada não poderá recorrer da decisão em liberdade, devendo permanecer no presídio onde se encontra.
O CASO
No dia 28 de janeiro de 2020, o 6º Batalhão da Polícia Militar da região foi acionado para atender a ocorrência de um incêndio, aparentemente em um carro de luxo, na Estrada do Montanhão, periferia de São Bernardo do Campo, no ABC Paulista.
Quando a viatura chegou, os agentes se depararam com os corpos carbonizados e que estavam colados uns aos outros. As vítimas foram identificadas como Flaviana de Meneses Guimarães, de 40 anos, Romuyuki Veras Gonçalves, de 43, e Juan Victor Meneses Gonçalves, de 15.
Imagens de câmeras de segurança mostraram Carina, companheira de Ana Flávia, chegando no condomínio, assim como a presença dos outros envolvidos no crime. Na ocasião, para prender as duas, a polícia alegou ter havido contradições nos depoimentos, como horários de atividades ao longo daquele dia. Posteriormente, os outros três envolvidos também foram presos.
Ana Flávia, e a então companheira, Carina Ramos de Abreu, foram acusadas de envolvimento no crime. Outros três homens, Juliano Oliveira Ramos Júnior e Jonathan Fagundes Ramos, que são irmãos e primo de Carina, e Guilherme Ramos da Silva, amigo de um dos primos de Carina, também participaram da ação. Julgados e condenados anteriormente, também permanecem presos.
Com informações Cidade Verde