Grupo Planalto de comunicação

O Brasil se despede de Alysson Paolinelli, o Patrono da Agricultura Tropical!

                             (por Elmar Luiz Floss
Engenheiro agrônomo e licenciado em ciências, doutor em agronomia,
professor e diretor do Instituto Incia)

Faleceu nesse dia 29 de junho, em Belo Horizonte, Alysson Paolinelli, a
maior liderança do Agronegócio brasileiro, desde os anos 1970, aos 86 anos de
idade. Nasceu em Bambui, Minas Gerais, em 10 de julho de 1936, filho do
engenheiro agrônomo e produtor de café Antônio Paolinelli de Carvalho e Adalgisa
Lucchesi Paolinelli. Diplomou-se engenheiro-agrônomo na Escola Superior de
Agricultura de Lavras – MG, hoje a Universidade Federal de Lavras – Ufla, em 1959.
Seguiu a carreira docente na mesma faculdade, lecionando a disciplina Hidráulica,
irrigação e drenagem, até 1971.

Foi diretor da referida faculdade de 1966 a 1971,
período no qual também presidiu a Associação Brasileira de Ensino Agrícola
Superior-Abeas, de 1968 a 1969. De 1971 a 1974, foi Secretário de Estado da
Agricultura de Minas Gerais. Uma das suas marcas deixadas foi a implementação
da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais–Epamig. De 1974 a 1979,
foi Ministro da Agricultura, no Governo do Presidente Ernesto Geisel. Foi um
momento difícil da economia do Brasil, pois, desde 1972, o Brasil sofria com o
aumento expressivo do preço do petróleo, pois nessa época, o Brasil importava 80%
do petróleo consumido e era um importador crescente de alimentos. Foi o ministro
que implementou a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa.. Era
um projeto apresentado alguns anos atrás pelo gaúcho Luiz Fernando Cirne Lima,
como Ministro da Agricultura, ao Presidente Garrastazu Médici, nomeando inclusive
a primeira diretoria.

O primeiro centro de pesquisas inaugurado, com a presença do
Presidente Ernesto Geisel, e também do Ministro Paolinelli, foi o Centro Nacional de
Pesquisa de Trigo – CNPT em Passo Fundo, hoje Embrapa Trigo, em 1974.
Também, foi em seu governo que foi criado no Brasil o Proálcool, que, de
forma pioneira no mundo, implementou um modelo de produção de etanol
combustível a partir da cana-de-açúcar, que hoje abastece milhões de automóveis.
Voltando a Minas Gerais, assumiu a presidência do Banco do Estado de Minas
Gerais, de 1979 a 1986. Então, elegeu-se deputado federal constituinte de 1987 a
1991, lutando bravamente pelo dispositivo constitucional do Direito à Propriedade.
Voltou ao cargo de Secretário da Agricultura e Abastecimento de Minas Gerais
(1991 a 1994). De 1992 a 1993, presidiu o Fórum Nacional da Agricultura, cujo
objetivo era a elaboração de uma política agrícola para o Brasil. O projeto teve
continuidade a partir de 1996, presidido pelo engenheiro agrônomo Roberto
Rodrigues, que foi Ministro da Agricultura e Abastecimento, de 2003 a 2005.

Paolinelli também foi presidente da Confederação Nacional de Agricultura – CNA
e atualmente, o Presidente do Fórum Nacional do Milho. Alysson Paolinelli,
engenheiro-agrônomo, produtor rural e homem público, que orgulha a todos os
envolvidos com o Agronegócio, pelo seu trabalho, público e na iniciativa privada.
Por isso, o também eminente engenheiro-agrônomo e Ex. Ministro da
Agricultura e Abastecimento (2003-2004), Roberto Rodrigues, lançou a candidatura
de Alysson Paolinelli para receber o Prêmio Nobel de Paz, que seria o primeiro
brasileiro a receber essa honraria máxima da humanidade.
Liderado pela Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”
(ESALQ/USP), de Piracicaba-SP, com o apoio de mais de 120 instituições ligados ao
Agronegócio brasileiro e também de organismos internacionais, a indicação foi
apresentada ao Comitê do Prêmio Nobel, em Estocolmo-Suécia, em 2021 e 2022.
Infelizmente, Paolinelli nos deixa, sem ter recebido essa merecida honraria.
Pessoalmente, tive o privilégio de conviver inúmeros momentos com esse
grande exemplo da agronomia.

Desde sua visita a Faculdade de Agronomia da UPF,
em 1974, no dia que veio em Passo Fundo, para a inauguração da Embrapa Trigo. O
diretor da época, Rodoaldo Damin, reuniu alguns professores e me convidou como
representante dos alunos, para recebe-lo. Ao longo dos últimos 15 anos, nos
encontramos em diversos eventos pelo Brasil. Era sempre
Paolinelli deixa, portanto, um extraordinário legado, pois, teve papel
importante no desenvolvimento da Agricultura e Pecuária no Cerrado brasileiro,
projeto pioneiro nas condições tropicais, transformando o Brasil de importador a
exportador de alimentos. Fenômeno já reconhecido no mundo como a nova
Revolução Verde.

Facebook
Twitter
WhatsApp