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O bugio: o som das raízes gaúchas que ecoa pelo estado inteiro Do berço das Missões ao palco dos festivais, o ritmo do bugio é a estampa do cancioneiro gaúcho

Imagem gerada por IA

O bugio é mais do que um gênero musical: é um símbolo da cultura gaúcha, nascido da força do campo, da irreverência do peão e da musicalidade espontânea da vida missioneira. Com origem nas serras do Mato Grande, em São Francisco de Assis, o bugio é marcado pelo som peculiar da gaita de botão e por uma cadência rítmica que remete ao próprio animal que lhe dá nome.

A história do bugio se confunde com a trajetória de figuras como Tio Bilia, os Irmãos Bertussi e o gaiteiro Neneca Gomes, considerado o criador do ritmo. Em meados do século XX, o bugio saiu dos galpões para conquistar discos e palcos, ganhando destaque com a gravação de O Casamento da Doralice, em 1955. A partir daí, nomes como Os Monarcas e Os Serranos, ajudaram a difundir o gênero por todo o estado.

Na cidade de São Francisco de Paula foi criado, inclusive, um festival exclusivo para celebrar o ritmo: O Ronco do Bugio, que já conta com mais de 15 edições e tem o objetivo de fortalecer esse patrimônio musical. A dança típica do bugio foi registrada no “Manual de Danças Gaúchas” pelos irmãos Vitale, revelando sua origem nas Missões e a importância de regiões como Santo Ângelo, São Borja e Santiago para sua preservação.

Irreverente e autêntico, o bugio se tornou símbolo da resistência cultural gaúcha. Com o tempo, ganhou diferentes formatos: o tradicional, com letra e melodia; e o instrumental, usado para animar bailes e encontros campeiros. Sua origem está ligada ao som emitido pelos macacos bugios das matas serranas, inspiração direta para a criação da batida marcada e repetitiva do ritmo.

A figura de Neneca Gomes é central na história do bugio. Inspirado pelos sons dos animais nativos e com talento para a gaita de 48 baixos, ele foi o responsável por transformar observações da natureza em música. Em 1928, criou a célebre música Três Bugios, eternizando o gênero e batizando um dos ritmos mais característicos do sul do Brasil.

O isolamento geográfico de algumas regiões do estado contribuiu para que o bugio se desenvolvesse de forma autêntica, longe das influências urbanas. Mesmo assim, o ritmo ganhou notoriedade e, hoje, é celebrado como parte do folclore gaúcho, sendo reconhecido por sua alegria contagiante, presença marcante e fidelidade às raízes da tradição campeira.

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