Poucos elementos do vestuário tradicional gaúcho carregam tanto significado quanto o lenço. Muito além de um acessório estético, ele representa a identidade e história da cultura gaúcha.
Dos estilos mais simples aos mais elaborados, os nós do lenço gaúcho são passados de geração em geração, cada um com seu nome e simbologia. Nesta matéria, você vai conhecer os nós mais usados, suas origens e o que eles representam dentro da cultura do Rio Grande do Sul.
Aqui vai alguns trechos do livro “Indumentária Gaúcha” publicado pelo Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG) que falam sobre o lenço gaúcho:
[…] O lenço ao pescoço é de introdução europeia e de uso em vários países sul-americanos: Bolívia, Argentina, Uruguai e Brasil. Há vários tipos de nós, havendo alguns de simbolismo político, como o Republicano composto de dois topes e uma “rapadura” ao centro (vermelho 1835).
[…] Paixão Cortes em “O Gaúcho, Danças, Trajes, Artesanato” faz descrição minuciosa sobre os diferentes nós de lenços. Os mais conhecidos são: nó de correr ou de namorado, nó de três galhos, rapadura, nó republicano, nó de ginete, nó comum. Quanto às cores, houve tempo em que elas significavam partidos políticos: Chimango (ala radical do Partido Liberal no I e II Impérios) cor branco. Maragato (partidários do parlamentarismo defendido por Gaspar Silveira Martins Revolução Federalista de 1893, posteriormente Partido Libertador) cor vermelha.
[…] O lenço usado “a meia espádua”, imita a antiga charpa de uso na Europa que, aqui no Brasil, foi utilizada pelos bandeirantes. Os campeiros da região serrana do Estado do Rio Grande do Sul usavam lenço como escoteiros com a ponta caída às costas. Não só de uma cor lisa, mas também de xadrez miúdo. É de uso comum entre gaúchos uma presilha em forma de anel (muitas vezes a própria aliança), para prender o lenço, substituindo assim, o nó. O material usado para isto varia: chifre, osso da canela de avestruz, metal, couro, ouro e prata.
Nós como o coração de potro, pachola, tradicional e três galhos estão entre os mais utilizados atualmente, principalmente por questões estéticas. Mas, além da estética, alguns nós carregam significados simbólicos. É o caso do Nó de Namorado, que antigamente, nos bailes, indicava o “estado civil” de quem o usava: se estivesse aberto, significava que a pessoa estava solteira; já fechado, indicava que estava em um relacionamento (namorando).”
Outro nó que se destaca é o nó “três galhos”, pois quem o criou foi Paixão Cortes, o nó surgiu na segunda metade do século XX. Embora os apelidos populares fossem desaprovados pelo folclorista, o nó se popularizou por sua praticidade e simbolismo.
