Grupo Planalto de comunicação

Pedofilia, manipulação e terror: o bacharel em Direito que se tornou pesadelo de uma família em Passo Fundo Um caso de perseguição cruel, abuso psicológico e crimes hediondos contra uma adolescente de 13 anos choca o Rio Grande do Sul

Bilhetes endereçados à jovem com conteúdo sexual

Um bacharel em Direito, cartas com lâminas, drogas e mensagens macabras. O que parece roteiro de filme de terror foi a realidade vivida por uma família de Passo Fundo, no norte do Rio Grande do Sul, durante dois anos. O alvo: uma menina que, na época, tinha apenas 13 anos e caiu nas garras de Gustavo Witech Fauth, 32 anos, preso preventivamente por crimes que incluem pedofilia, estupro, perseguição, indução à automutilação e tráfico de drogas.

A reportagem do Grupo Planalto de Comunicação teve acesso a uma entrevista exclusiva com a mãe da vítima – que chamaremos de “Maria” para preservar a identidade da adolescente e da família. Tivemos acesso também ao boletim de ocorrência com os detalhes da investigação policial. A história é um alerta brutal sobre os perigos que espreitam crianças e adolescentes na internet.

O INÍCIO: UM “NAMORADO” QUE NUNCA EXISTIU

Tudo começou em 2023, dentro do jogo online chamado Free Fire. A adolescente, então com 13 anos, conheceu “Daniel”, um suposto jovem de 18 anos que usava fotos falsas e voz suave no jogo. O que ela não sabia: por trás do perfil, estava Gustavo Witech Fauth , um homem de 30 anos, bacharel em Direito, com histórico de manipulação.

Ela era uma criança alegre, estudiosa. De repente, começou a se trancar no quarto, a usar mangas compridas no calor. Um dia, encontrei cortes nos braços dela — relata “Maria”, a mãe da vítima.

A família, ao desconfiar das mudanças de comportamento, descobriu  algumas mensagens perturbadoras no celular da adolescente: Gustavo, sob o pseudônimo, coagia a menina a manter o relacionamento online em segredo. Ameaçava suicídio se ela o bloqueasse e dizia que a família “não a amava de verdade”. Aos poucos buscava isolar a jovem  de todos.

Em uma das conversas com a mãe da vítima o homem enviou uma foto se passando por Naty. Ele dizia estar chorando abraçado em seu ursinho devido a uma briga com a jovem. A mãe desconfiou quando percebeu que a mão segurando a pelúcia se tratava de um adulto

— Ele a convenceu de que eu era a vilã. Minha filha chegou a escrever cartas de despedida — conta a mãe, com a voz embargada.

A FICÇÃO QUE VIROU PESADELO REAL

Quando a família descobriu a verdade e cortou o contato, Gustavo não aceitou. Transformou-se em um perseguidor e usou seu conhecimento jurídico para dificultar a ação da polícia. Iniciou uma campanha de terror:

CORRESPONDÊNCIA DOENTIA:

O homem enviava pacotes  à  casa da vítima contendo:

Comprimidos não identificados suspeita-se de drogas;
Lâminas de estilete, incentivando a automutilação;
Cartas manuscritas exigindo vídeos íntimos como “pagamento”.

Gustavo tentava adicionar a narrativa que a vítima seria usuária de algum tipo de droga e cobrava como um traficante o pagamento pelo material enviado.

Lâminas enviadas a menina sugerindo à automutilação

 

Lâminas enviadas dentro de cartas à jovem

 

O PERIGO MORA AO LADO:

Em certo momento, Gustavo tentou alugar um imóvel no mesmo prédio da família. A mãe relata que, ao sair de casa, deu de frente com ele saindo do elevador no hall do prédio junto com os corretores de imóveis. Câmeras de segurança também o flagraram rondando a escola da jovem e por diversas vezes o prédio onde a família morava.

PERFIS FALSOS E MANIPULAÇÃO:

O bacharel criou identidades falsas para manter o controle:
“Nati”: uma suposta ex-namorada que enviava mensagens à mãe, buscando informações sobre a menina;
“J.B.”: um falso namorado que manipulava a adolescente.

Nos registros das mensagens o homem buscava cometer erros de português para parecer mais convincente ao se passar por uma adolescente.


ATAQUES REAIS:

As investigações apontam que Gustavo teria cometido alguns ataques a família buscando feri-las fisicamente. Em um destes ataques ele teria riscado o carro da mãe da jovem, em outro teria colocado lâminas de barbeador nas maçanetas do veículo para que ao abrir a porta a jovem viesse a se ferir. Tudo era extremamente calculado e doentio que o homem sabia até mesmo onde a jovem costumava se sentar no automóvel.

Lâminas de barbeador enviadas pelo criminoso. Algumas foram coladas nas portas do veículo da família para que pudesse ferir a jovem.


A REVIRAVOLTA: A PRISÃO DO CRIMINOSO

A prisão só ocorreu após uma investigação minuciosa da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) de Passo Fundo. Nas investigações foi possível identificar que:

– Todas as linhas telefônicas usadas por “Nati” e “J.B.” para ameaçar a jovem vinham do mesmo celular – o de Gustavo;
– As cartas enviadas tinham sua letra e DNA;
– Em sua residência, foram encontrados: Drogas, fotos da adolescente e cerca de 500 arquivos de pornografia infantil.

Gustavo foi preso na terça-feira (24) em Passo Fundo, mas conseguiu liberdade provisória no dia seguinte, sob alegação de não ter antecedentes criminais. Felizmente, foi novamente preso na sexta-feira (27), após um pedido do Delegado responsável pelo caso Mario Pezzi..

O bacharel responde pelos crimes de:

✔ Pedofilia
✔ Estupro de vulnerável
✔ Perseguição
✔ Indução ao suicídio
✔ Tráfico de drogas
✔ Pornografia infantil

Gustavo sendo levado ao Presídio Regional de Passo Fundo

O ALERTA: “ELE NÃO É O ÚNICO”

A mãe da vítima faz um apelo urgente aos pais:

— Revirem celulares, jogos, redes sociais. Meu erro foi achar que ela estava segura em casa. Esses monstros são pacientes. Eles estudam suas vítimas.


🚨 SINAIS DE ALERTA:

Marcas físicas inexplicáveis – hematomas, queimaduras, fraturas ou dores nas partes íntimas.
✔ Comportamento sexualizado – falas, desenhos ou brincadeiras inadequadas para a idade.
✔ Medo excessivo – ansiedade perto de certas pessoas ou lugares, pesadelos e regressão (voltar a fazer xixi na cama, por exemplo).
✔ Mudanças bruscas – agressividade, isolamento, queda no rendimento escolar ou automutilação.
✔ Falta de cuidados básicos – higiene negligenciada, fome constante ou roupas inadequadas para o clima.

ONDE DENUNCIAR:

📞 Disque 100 (Direitos Humanos)
📲 DPCA/DEAM de Passo Fundo – (54) 3318-1400
🚨 Em casos urgentes, ligue para a Polícia Militar (190).

“Se esta matéria salvar uma criança, valeu cada palavra.”

 

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