Parece normal, mas não deveria ser. Bombas na TV, anúncios iminentes de guerra, pessoas sofrendo. Normalizamos a destruição? Normalizamos a dor do próximo?
Os Estados Unidos lançaram suas sombras sobre o Irã. Israel alimenta sua fúria com fogo. O Irã responde com mísseis e mágoas antigas. Não são países, são órfãos da diplomacia, tentando impor uma razão que não cabe nem na palma da mão. Não se trata de soberania. Trata-se de orgulho. O que cada um quer salvar não é a vida, mas o ego. Querem vencer a qualquer custo, mesmo que a vitória seja caminhar sobre escombros, mesmo que ninguém sobreviva para aplaudir.
Trump fala em paz com os dentes cerrados. Netanyahu distribui aplausos entre sirenes. O Irã promete resistir com honra. Mas honra que precisa de túmulos para se afirmar já morreu de vergonha há muito tempo. E, no final, sabe… as crianças não entendem. E elas não deveriam entender. A gente quer paz, mas não sabe onde ela mora. Talvez porque paz não seja um lugar, mas uma escolha.
E por que ninguém está escolhendo ter paz?
As guerras não têm vencedores. Só sobreviventes, que passam a vida contando os mortos. Já vivemos isso. A história nos conta. Enquanto isso, a vida corre pelas ruas numa busca sem sentido, como diz o poeta. Supermercado aberto, ruas lotadas, gente esperando o salário cair. O céu azul, ignorando os radares. A flor insistindo em nascer na rachadura do concreto na praça central da cidade.
Porque, apesar da guerra, ainda há quem ame. Ainda há quem chore pelos que não conhece. Ainda há quem pare tudo e faça uma oração por aquele que nunca vai abraçar. Ainda há quem espere que a paz venha, mesmo que ela esteja vindo de muletas.
E talvez seja isso que nos salve.
Mesmo em ruínas, o amor ainda acende luzes onde só deveria haver escuridão. E, enquanto uma vela estiver acesa, ainda há esperança de dias de paz.
Jeferson Vargas / Grupo Planalto de Comunicação