A Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) em São Luiz Gonzaga deflagrou, nesta quarta-feira, uma ofensiva para reprimir o comércio de sementes falsificadas. Intitulada Operação Piratas do Agro, a ação ocorreu no Rio Grande do Sul, São Paulo, Bahia e Minas Gerais. Duas pessoas foram presas em flagrante.
Cerca de 120 policiais civis e 15 agentes fiscais agropecuários cumpriram 41 mandados de busca e apreensão em residências e empresas nos quatro estados, além do confisco de 35 veículos. Foram realizados 18 bloqueios de contas bancárias, sendo 10 pessoas físicas e oito pessoas jurídicas. Participam da ação ainda a PRF e as Secretarias e Agências de Agricultura e Pecuária do RS, BA, SP e MG.
A investigação descortinou um esquema criminoso sofisticado de falsificação e pirateamento de sementes de milho e soja. De acordo com o delegado Heleno dos Santos, titular da Draco de São Luiz Gonzaga, a apuração teve início quando uma grande cooperativa local noticiou uma fraude que lesou diversos agricultores na região.
De acordo com a denúncia, um corretor de sementes de São Luiz Gonzaga ofertou duas cargas com 1,5 mil sacas de milho de alto rendimento, que foram adquiridas e revendidas a diversos produtores da região. Ocorre que a safra foi totalmente perdida, pois as sementes vendidas eram falsificadas, sendo grãos de baixíssima qualidade.
“As investigações comprovam que um grupo de empresários golpistas do ramo agrícola de São Luiz Gonzaga e Santo Cristo, e nos municípios baianos de Luís Eduardo Magalhães e Barreiras, se uniram para transformar grãos que iriam para a indústria de ração ou alimentos, ou sementes de baixíssima qualidade, em produtos muito similares visualmente a sementes conhecidas no meio agrícola por sua elevada produtividade”, disse o delegado Heleno dos Santos.
As sacas usadas na falsificação imitavam de forma quase perfeita as sacas originais, e eram falsificadas em São Paulo e na Bahia, em gráficas que são alvo de buscas. Depois de ensacadas, as falsas sementes eram transportadas em caminhões do grupo criminoso até o RS e outros estados (MS, MT e RS), onde eram revendidas a pessoas físicas e jurídicas do ramo agrícola. O esquema contava com representantes comerciais e corretores, que procuravam as cooperativas e produtores vítimas, intermediando as vendas. As atividades comerciais ilícitas ultrapassavam as fronteiras do RS e BA, abrangendo SP, MG, MT, DF, TO, GO e outros estados.
Os criminosos causaram R$ 2 milhões de prejuízo em apenas uma negociação ilícita, além de R$ 13 milhões em movimentações bancárias em 15 meses. Os suspeitos lucravam mais de R$ 1 mil por saca de milho falsificado, sendo que uma carga rendia R$ 1,8 milhão.
Correio do Povo