Porto Alegre já atingiu 6.036 casos confirmados de dengue, com três óbitos registrados e um caso (importado, com infecção fora da Capital) confirmado de chikungunya em 2025 até essa sexta-feira, dia 2, e soma 28.691 notificações de suspeitas, de acordo com o painel de evolução dos casos de arboviroses da prefeitura.
Até o final da semana epidemiológica 17, de 26 de abril deste ano, os bairros com maior incidência de dengue por 100 mil habitantes nas duas últimas semanas foram Jardim Itu e Jardim Sabará. Nesses 15 dias, foram registrados casos em 81 bairros da cidade, segundo os dados publicados no Boletim Epidemiológico publicado nesta quarta-feira, 30, pela Diretoria de Vigilância em Saúde.
O Eixo Baltazar, situado na zona norte da cidade e que abrangem os bairros Costa e Silva, Jardim Itu, Jardim Leopoldina, Parque Santa Fé, Passo das Pedras e Rubem Berta, há 1.582 casos registrados, com 949 casos confirmados apenas na Unidade de Saúde Passo das Pedras I. Além desses, os bairros Vila Ipiranga, Jardim São Pedro, Sétimo Céu e Parque Santa Fé também estão com alta incidência de casos. Confira no mapa abaixo a incidência por bairros da Capital.
Na avenida Professora Paula Soares, bairro Jardim Itu, havia uma grande quantidade de lixo em pontos próximos ao arroio situado na via. Mais à frente, também um pneu estava depositado irregularmente, o que pode contribuir para a proliferação do mosquito. Arnoldo Frenzel, 85 anos, mora na rua Arnaldo Ballve, e conta que muitos vizinhos da sua rua contraíram a doença. “Aqui tem bastante lixo, e isso realmente pode contribuir pra trazer o mosquito”, disse.
“Esses reservatórios, geralmente plásticos, copos, até uma própria sacola de mercado, por exemplo, que acumula água, é um local adequado para o mosquito proliferar. Por isso acontece essa grande proliferação, são locais considerados como criadores desses mosquitos”, explica Tiago Fazolo, biólogo do núcleo de roedores e vetores da Vigilância em Saúde.
O biólogo explica que uma fêmea tem capacidade de colocar 250 ovos por vez, mas não coloca em um só local, mas onde achar água parada. Considerando que um mosquito tem, em média, de 30 a 35 dias de vida, e consegue colocar ovos de quatro a cinco vezes, um mosquito pode deixar até 1.200 ovos em sua vida, soma Tiago. “por isso é uma proliferação exponencial”, diz.
Ele lembra que, a cada sete dias, o ovo pode gerar um mosquito. As fases do ovo são de 2 a 3 dias, em que ele eclode e vira larva, mais dois a três dias virar a pupa e mais dois dias o mosquito adulto. Então, em sete ou oito dias já tem o ovo do mosquito. “A gente sempre faz uma campanha no máximo uma vez por semana, para as pessoas olharem o seu pátio e entorno. Dedicar 15 minutos, 10 já seria o suficiente, para reduzir o número”, diz.
Ações de combate
Se intensificou a ação de agentes de combates de endemia, como remoção mecânica e orientação aos moradores. Nesta sexta-feira, desde às 6h, a Diretoria de Vigilância em Saúde realizou ações de aplicação de inseticida com veículo (o conhecido “carro-fumacê”) nos bairros Jardim Itu e Sarandi. A operação foi realizada em perímetro específico, definido pela equipe técnica da vigilância de roedores e vetores em parceria com o Governo do Estado. A ação do Exército iniciou na última semana, junto a agentes de combates, e também auxiliam na ação de inspeção.
Uma nova tenda de hidratação que será montada no estacionamento do Stok Center, na avenida Manoel Elias, na zona Leste de Porto Alegre, deve ser concluída até o meio-dia deste sábado, dia 3. A estrutura funcionará como reforço no atendimento a pacientes com suspeita ou confirmação de dengue, com previsão de início dos atendimentos na segunda-feira, dia 5, às 8h.
No entanto, sem estoque da vacina, a imunização de crianças e adolescentes segue suspensa em Porto Alegre, e sem previsão de envio de novas doses, afirma a Secretaria Municipal da Saúde (SMS).
Neste momento de alta população de mosquitos, os cuidados com o ambiente em residências, comércios, ambientes de trabalho devem ser redobrados. “Além dos lixos, sempre observar em casa também pratinhos de planta, vasos, olhar os ralos, ver se não tem água acumulada. Sempre esses locais onde tem uma lâmina da água é capaz de ficar essa água acumulada, o mosquito vai ali deixar os ovos. São esses lugares que ele se multiplica”, diz o biólogo Tiago.
Confira, abaixo, outras medidas importantes para auxiliar no combate ao mosquito da dengue:
- Evite água parada.
- Descarte o lixo corretamente.
- Verifique se a caixa d’água e as lixeiras estão bem tampadas.
- Limpe as calhas e coloque telas nos ralos.
- Trate a água das piscinas.
- Evite deixar água parada em piscinas plásticas.
Correio do Povo