A discussão sobre o uso de dispositivos eletrônicos nas escolas está em alta em diferentes regiões do Brasil. Em São Paulo, a Assembleia Legislativa (Alesp) aprovou um projeto de lei que proíbe o uso de celulares, tablets e outros dispositivos com acesso à internet durante todo o período escolar, incluindo recreios e atividades extracurriculares, tanto em escolas públicas quanto privadas. O texto, de autoria da deputada Marina Helou (Rede) e coautoria de outros 42 parlamentares, agora aguarda sanção ou veto do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Seguindo essa tendência, o vereador Gio Krug (PSD) protocolou, nesta segunda-feira, um projeto de lei na Câmara Municipal de Passo Fundo para proibir o uso de aparelhos tecnológicos nas salas de aula das escolas públicas da rede municipal. A proposta permite o uso dos dispositivos apenas com autorização expressa do professor para fins pedagógicos, ou no caso de alunos com deficiência ou problemas de saúde que dependam de aparelhos para monitoramento ou auxílio. Ambos os projetos têm como objetivo principal reduzir as distrações provocadas pelos aparelhos eletrônicos e promover um ambiente mais saudável para o aprendizado.
As iniciativas, tanto em São Paulo quanto em Passo Fundo, refletem preocupações globais sobre o impacto dos dispositivos eletrônicos na educação. Pesquisas apontam que a mera presença de celulares em sala de aula pode reduzir a capacidade de concentração e o desempenho acadêmico. Um estudo da Universidade de Chicago mostrou que notificações e estímulos constantes dos aparelhos afetam a cognição, principalmente em crianças e adolescentes, cujo cérebro está em formação.
A proibição também busca recuperar a sociabilidade no ambiente escolar. Durante visitas a escolas onde o uso de celulares já é vetado, como na Escola Tarsila do Amaral, em São Paulo, foi observado que as crianças passaram a brincar, cantar e interagir mais durante os recreios, fortalecendo o convívio social.
Tendência Nacional
Tanto em São Paulo quanto em Passo Fundo, as propostas locais seguem uma tendência nacional. Em outubro, a Comissão de Educação da Câmara dos Deputados aprovou um projeto semelhante que pode uniformizar as regras em âmbito federal, fornecendo mais segurança jurídica às leis estaduais e municipais.
Enquanto as discussões avançam, o consenso entre educadores e legisladores é de que a tecnologia precisa ser vista como uma aliada, desde que bem utilizada. O desafio está em encontrar um equilíbrio entre limitar distrações e preparar os estudantes para um futuro cada vez mais digital.