Advento é o tempo de esperança. A preparação para a grande festa do nascimento de Cristo Salvador reaviva a expectativa da sua vinda gloriosa no fim dos tempos. A primeira parte do advento insiste sobre a parusia, sobre a última vinda de Cristo. O Advento convida os cristãos a viverem o tempo presente e deixarem-se “guiar pela luz do Senhor”, a “despojarem-se das ações das trevas e vestir as armas da luz”, a “viverem despertos”, “atentos” e “ficarem preparados” ( Isaías 2,1-5, Salmo 121, Romanos 13,11-14 e Mateus 24,37-44). Acima de tudo, é tempo para reafirmar a confiança em Deus que é fiel, pois Ele vai realizar as suas promessas.
Vivemos o Jubileu 2025, com o tema “Peregrinos de Esperança” que terá seu ponto culminante no Natal. A esperança cristã está fundada no acontecimento Jesus Cristo. Evento que aconteceu faz 2025 anos. É um evento histórico, mas que transcende a datação histórica, tendo repercussão na presente história contemporânea. A esperança cristã liga-se ao conhecimento do rosto de Deus, revelado em Jesus Cristo mediante a sua encarnação, através da vida terrena, da sua pregação e, sobretudo, com sua morte e ressurreição. A esperança cristã verdadeira e segura está fundamentada na fé em Deus Amor, Pai misericordioso: “De tal modo Deus amou o mundo, que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3,16).
O Tempo do Advento é um tempo favorável para a redescoberta de uma esperança não vaga nem ilusória, mas certa e confiável. “Nós que em busca de refúgio procuramos agarrar a esperança que nos é proposta. A esperança com efeito, é para nós como uma âncora da alma, segura e firme. Ela penetra para além da cortina do Santuário, onde Jesus entrou por nós, como precursor” (Hebreus 6,18-19).
As esperanças movem as pessoas, sejam elas pequenas ou grandes, humanas ou divinas. Vivemos em tempos onde o futuro é visto sob perspectivas diversas, desde o otimismo até o pessimismo, da euforia ao medo. Neste mundo paradoxal o cristão deve testemunhar a esperança e não reduzir a esperança a projetos humanos. Por maiores que sejam, sempre serão humanos e limitados. Quando falta Deus, falta a esperança. Está em jogo a relação entre a existência aqui e agora, e aquilo que denominamos céu: não se tata de um lugar aonde terminaremos depois da morte; ao contrário, é a realidade de Deus, a plenitude da vida para a qual cada ser humano está orientado.
O homem é a única criatura livre que pode dizer “sim” e “não” a Deus. O ser humano pode apagar em si mesmo a esperança, eliminando Deus da sua própria vida. Como isto pode acontecer? Deus conhece o coração do homem e sabe que é rejeitado quando o seu verdadeiro rosto não é conhecido. Por isso, não cessa de bater à nossa porta, como peregrino humilde em busca de hospitalidade. Este é também o sentido de um novo ano litúrgico que se inicia. Deus deseja novamente revelar-se no Mistério de Cristo, mediante a Palavra e os Sacramentos. Deus se dá a conhecer através da Igreja, deseja falar à humanidade e salvar os homens de hoje. Deus oferece mais tempo, um novo espaço para a humanidade.
A minha, a nossa esperança vem precedida pela expectativa que Deus cultiva a nosso respeito! Sim, Deus ama-nos e precisamente por este motivo espera que nós voltemos para Ele, que abramos o nosso coração, que coloquemos a nossa mão na sua e nos recordemos que somos seus filhos. Esta expectativa de Deus precede sempre a nossa esperança. A esperança cristã é uma virtude teologal: Deus é a sua fonte, o seu ponto de apoio e o seu termo. O criador inseriu nas criaturas a esperança. Cada um dos homens é chamado a esperar, correspondendo à expectativa que Deus tem acerca dele. Cada criança que nasce é sinal da confiança de Deus no homem e é uma confirmação da esperança que o homem nutre pelo futuro. A esta esperança do homem, Deus respondeu nascendo no tempo como pequeno ser humano.
Dom Rodolfo Luís Weber – Arcebispo de Passo Fundo











