A Semana Santa é aberta com este
convite. “Meus irmãos e minhas irmãs: durante as cinco semanas da Quaresma
preparamos os nossos corações pela oração, pela penitência e pela caridade.
Hoje aqui nos reunimos e vamos iniciar, com toda a Igreja, a celebração da
Páscoa de nosso Senhor. Para realizar o mistério de sua morte e ressurreição,
Cristo entrou em Jerusalém, sua cidade. Celebrando com fé e piedade a memória
desta entrada, sigamos os passos de nosso Salvador para que, associados pela
graça à sua cruz, participemos também de sua ressurreição e de sua vida”. Estas
poucas palavras revelam porque os próximos dias são denominados pela Igreja de Semana Santa.
Cristo entra em Jerusalém, sua
cidade, na qual é recebido com gritos de aclamação. “Hosana ao filho de Davi!
Bendito o que vem em nome do Senhor! Hosana no mais alto dos céus”. Porém,
muitos não tinham clareza porque aquele homem estava sendo acolhido e aclamado
desta forma e perguntam: Quem é este
homem? As multidões respondiam: “Este é o profeta Jesus, de Nazaré da
Galileia”. Logo a seguir, o aclamado é
condenado à morte horrível numa cruz, sendo totalmente desfigurado pela tortura
que lhe é imposta. E, quando morre na cruz, os oficiais e soldados respondem a
pergunta feita anteriormente e dizem: Ele
era mesmo o Filho de Deus!
A Semana Santa revela a condição
humana e divina de Jesus, como diz a Carta aos Filipenses 2,6-1: “Jesus Cristo,
existindo em condição divina, não fez do ser igual a Deus uma usurpação, mas
ele esvaziou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e tornando-se igual
aos homens. Encontrado com aspecto humano, humilhou-se a si mesmo, fazendo-se
obediente até a morte, e morte de cruz”. A primeira impressão que se tem da
morte de Cristo na cruz é que este fato estava selando o fim dele. Os oficiais
e soldados já perceberam que esta não era a verdade, pois estavam diante do
“Filho de Deus”, que ressuscitará. “Assim, ao nome de Jesus, todo o joelho se
dobre no céu, na terra e abaixo da terra, e toda língua proclame: “Jesus Cristo
é o Senhor”, para a glória de Deus Pai (Fl 2,10-11).
Jesus sobe a Jerusalém e é elevado
na cruz para atrair todos a Ele. É o convite reiterado no começo da Semana
Santa de participarmos da procissão daqueles que o aclamam como bendito e Filho
de Deus. Estar ao lado Dele para compreendermos melhor e mais profundamente
tudo que vai acontecer com Jesus Cristo.
A procissão de abertura da Semana
Santa quer ser imagem de algo mais profundo, imagem do fato que nos
encaminhamos em peregrinação com Jesus, pelo caminho que leva ao Deus vivo. É
para este caminho que Jesus nos convida. Enquanto caminhamos com Jesus para o
alto somos acompanhados das forças que puxam para baixo: egoísmo, mentira,
violência, falsidade, manipulação da verdade, rejeição, indiferença com o
próximo. O exemplo de Jesus nos puxa para o alto, pois o seu amor e doação são
inquestionáveis.
Depois da Liturgia da Palavra e logo
no começo da Oração Eucarística, a Igreja dirige o convite: “Corações ao alto!”
“Na compreensão bíblica o coração é aquele centro do homem onde se unem o intelecto,
a vontade e o sentimento, o corpo e a alma; é aquele centro, onde o espírito se
torna corpo e o corpo se torna espírito, onde vontade, sentimento e intelecto
se unem no conhecimento de Deus e no amor a Ele. Este “coração” deve ser
elevado” (Bento XVI). O convite é vivermos a Semana Santa de coração. Como
somos frágeis, precisamos ser elevados pela amor e o exemplo de Jesus, o Filho
do Deus vivo.