Na última terça-feira (02), a pedido de servidores do
Departamento Autônomo de Estradas e Rodagem (DAER) lotados em Passo Fundo, a
deputada estadual Luciana Genro (PSOL) ouviu as demandas da categoria, que tem
sofrido com o sucateamento da instituição. Participaram, de forma remota,
trabalhadores de todo o estado.
A deputada reafirmou o compromisso de lutar ao lado dos
trabalhadores do DAER, que sofreram com o desmantelamento dos serviços públicos
por parte dos últimos governos, e reforçou a importância da mobilização da
categoria para pressionar o governo.
“A situação do DAER parece ser mais crítica do que a de
outros setores, mas faz parte do desmonte que os governos Leite e Sartori já
vinham fazendo. Meu gabinete está aberto para receber relatos dessas situações
nas cidades do interior e organizar em um dossiê. Eu me comprometo em dar voz
às denúncias de sucateamento da estrutura do DAER assim como o baixo nível
salarial destes trabalhadores, que contam apenas com migalhas do governo”,
frisou Luciana Genro.
Gelso Bertoncello e José Costa e Silva solicitaram a agenda
com a deputada e trouxeram temáticas relacionadas à defasagem salarial, tanto
de servidores na ativa, quanto de aposentados, sugerindo a possibilidade de uma
reparação financeira através da Gratificação de Produtividade Rodoviária.
“Tem servidor que trabalhou mais de 30 anos no DAER e
recebe mil e poucos reais, até menos. Tem como parar de trabalhar? Não tem! Os
que ainda têm um pouco de saúde se obrigam a trabalhar mesmo depois de
aposentados para sobreviver. Essa é uma das reivindicações de todos que
trabalham ou trabalharam nessa estrutura que é gigantesca”, destacou Gelso.
Uma grande parte destes trabalhadores dedicou sua vida toda
ao serviço público e conta com uma defasagem salarial de 60%, em que muitos
cargos de nível médio recebem menos de um salário mínimo. Os dados foram
comprovados por contracheques apresentados: um deles tem apenas R$ 715 de
salário-base. Eles denunciaram que possuem o pior plano de carreira do estado.
Os servidores ainda alertaram para o risco iminente de um
colapso nas atividades, causado pela falta de estrutura para lidar com o plano
de obras do departamento. Destacaram que esta situação exige uma abordagem
profissional e imediata para garantir que o DAER não tenha o mesmo destino de
muitos setores do serviço estadual, que são sucateados até se tornarem
insustentáveis.
O presidente do SISDAER-RS, Sergio Roza, destacou que um
estudo do próprio departamento revelou que apenas 131 funcionários estarão na
ativa no DAER em 2026. Ele defendeu a urgência na realização de um concurso
público e de salários que sejam condizentes com os cargos.
Já o engenheiro João Batista pontuou que somente no ano
passado os servidores do DAER no interior do estado foram responsáveis por
administrar e fiscalizar a aplicação de mais de R$ 1,5 bilhão em obras, mesmo
com a falta de profissionais para garantir um serviço de excelência.
Na quinta-feira (4), a partir das 9h, a Sociedade dos
Técnicos Universitários do DAER terá um momento de fala na Comissão de Serviços
Públicos da Assembleia Legislativa. Na agenda relacionada aos Assuntos Gerais,
será apresentada a situação atual do DAER, com destaque para a desvalorização
do quadro de servidores e o consequente risco para o plano de obras rodoviárias
do Rio Grande do Sul.