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“Simão, filho de João, tu me amas?”

Dom Rodolfo Luís Weber - Arcebispo de Passo Fundo

A liturgia do terceiro Domingo da Páscoa (Atos 5,27-41, Salmo 29, Apocalipse 5,11-14 e João 21,1-19), a morte do Papa Francisco e a escolha do novo Papa convidam para refletir sobre o ministério do sucessor de São Pedro na Igreja. No Evangelho Jesus confia a Pedro a missão de apascentar o Povo do Senhor, os Atos dos Apóstolos descrevem os primeiros passos da Igreja na pregação e atitudes de Pedro e dos apóstolos e o Apocalipse revela a Igreja celebrando a liturgia em adoração diante do “Cordeiro imolado”, Jesus Cristo o Salvador. São sugestivos estes textos por permitirem contemplar ao mesmo tempo o caminho e a meta, isto é, a Igreja realizando a missão no mundo e a eternidade.

A Igreja que caminha no mundo tem um guia e um pastor estabelecido por Deus. Trata-se do colegiado apostólico dirigido por Pedro e seus sucessores. Jesus, antes de confiar a Pedro a missão de apascentar suas ovelhas, precisa ouvir duas respostas: se ele o ama e se tem fé nele. “Simão, filho de João, tu me amas mais do que estes?” Jesus insiste três vezes e Pedro responde três vezes: “Sim, Senhor, tu sabes que te amo!” Em outra oportunidade Pedro professou a fé: “E vós quem dizeis que eu sou?” Simão Pedro respondeu: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”. (Mt 16,15-16).  

Estas são as duas perguntas fundamentais que devem ser feitas aos sucessores de Pedro e ao próximo Papa: sobre fé e o amor. O livro de Atos registra que os apóstolos foram proibidos de ensinar em nome de Jesus. “Pedro e os outros apóstolos responderam: “É preciso obedecer a Deus, antes que aos homens”. Obedecem a Deus por estarem convictos que precisavam anunciar Jesus Cristo que foi morto na cruz e ressuscitou, agora é o “Guia supremo e Salvador”. Foi a missão que receberam e devem ser fiéis, não recuando diante de ordens humanas.

Para uma missão tão elevada de apascentar “as minhas ovelhas”, Jesus escolhe meios tão humildes e frágeis. Pedro fica triste diante da insistência se Jesus se ele o amava e por fim ainda lhe é dito: “quando fores velho, estenderás as mãos e outro te cingirá e te levará para onde não queres ir”. É a condição humana de todos os papas. Instrumentos frágeis na mão de Deus para realizarem tão elevada missão. 

A autoridade de Pedro e dos seus sucessores brota do amor. Jesus anteriormente já havia revelado, com uma palavra, como se exercita a autoridade que nasce do amor: serviço. “Eu estou no meio de vós como aquele que serve” (Lc 22,27). A autoridade exercida pelo papa é sobre fiéis que não são dele, mas de Deus: “Apascenta as minhas ovelhas”, repete três vezes Jesus. A autoridade é exercida em nome de Deus e para ele devem ser conduzidas pessoas. Deus é o centro, o ponto de convergência. O Papa e a Igreja são sacramentos de salvação. Sinais visíveis para conduzir à meta. 

O livro de Atos acentua a missão de anunciar Jesus Cristo morto e ressuscitado. “Ide pelo mundo inteiro e proclamai o Evangelho a toda criatura!” (Mc 1615) Esta foi a missão prioritária de Pedro e dos apóstolos: “somos testemunhas, nós e o Espírito Santo, que Deus concedeu àqueles que lhe obedecem”. Esta é missão prioritária do Papa, liderar a evangelização. Daí nasce a fé e a adesão a Jesus. É um processo que faz encontrar duas pessoas livres: Deus e o ser humano. 

Neste momento que não temos o sucessor de Pedro, se faz necessário fazer esta oração registrada em Atos: “Senhor, tu conheces os corações de todos. Mostra-nos qual destes escolhestes para ocupar, neste ministério e apostolado, o lugar” deixado pela morte do Papa Francisco. 

Dom Rodolfo Luís Weber – Arcebispo de Passo Fundo

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