A noite de sábado (21) e a madrugada de domingo (22) foram marcadas por tensão entre os motoristas de aplicativo em Passo Fundo, após a suspeita de que um colega teria sido sequestrado durante uma corrida. O caso gerou ampla mobilização, com mais de 40 motoristas interrompendo o trabalho para procurá-lo por conta própria, enquanto circulavam informações desencontradas sobre o desaparecimento.
Segundo relatos obtidos pela reportagem, o motorista, identificado pelas iniciais F.S.O., conduzia um Fiat Argo branco, com registro do estado de São Paulo. A última localização do veículo em um grupo utilizado para rastreamento apontava a região do distrito de Pulador, onde a corrida teria sido finalizada.
Sem confirmação oficial e diante do histórico recente de violência contra motoristas de aplicativo — incluindo um homicídio ocorrido há cerca de 15 dias —, os profissionais se mobilizaram rapidamente. De acordo com um dos motoristas envolvidos na busca, muitos abriram mão de compromissos pessoais, como cuidar de filhos, e passaram a madrugada vasculhando bairros, cruzando informações em grupos e buscando qualquer pista que pudesse levar à localização do colega.
O comportamento do motorista diante das mensagens enviadas em grupos de WhatsApp levantou ainda mais dúvidas. “Ele não mandava áudios como de costume, só respondia por texto e de forma vaga. Pedimos localização e ele não mandava. Tentamos chamada de vídeo e ele não atendia. Tudo muito estranho”, relatou uma das motoristas participantes da busca.
Mais tarde, motoboys da cidade localizaram o Fiat Argo na residência do homem, estacionado na garagem. A imagem circulou entre os grupos de aplicativos de mensagens, encerrando uma madrugada de apreensão e medo. A Brigada Militar confirmou que não houve nenhum registro de ocorrência sobre sequestro ou roubo envolvendo o nome do motorista ou do veículo citado.
O episódio, que mobilizou dezenas de pessoas, também teve consequências graves: um dos motoristas envolvidos na busca se acidentou nas buscas e teve o carro destruído. Ainda não temos informações sobre o estado de saúde do motorista.
A situação gerou indignação entre os colegas, que agora questionam a veracidade da denúncia inicial e os impactos de um possível alarme falso. “Se isso tudo foi um trote ou alguma encenação para chamar atenção, foi de extremo mau gosto. Muita gente arriscou, parou de trabalhar, e um colega ainda ficou no prejuízo”, desabafou um dos motoristas à reportagem.
A redação do Grupo Planalto de Comunicação segue tentando contato com o motorista envolvido para esclarecer os fatos.
O caso acende um alerta não apenas para os riscos reais enfrentados por motoristas de aplicativo, mas também para o impacto que possíveis falsas denúncias podem ter sobre a categoria. Mobilizações como essa, sem base concreta, sobrecarregam profissionais, geram danos emocionais e materiais e podem comprometer a credibilidade de relatos legítimos em situações futuras.
Reportagem: Redação
Grupo Planalto de Comunicação
