Todo gaúcho de verdade já tomou um chimarrão, mas nem todo gaúcho sabe do que é feita a cuia, o instrumento que torna esse costume possível.
A cuia é feita do “porongueiro”, que pertence à família das cucurbitáceas (Lagenaria vulgaris). Lagenaria, origem latina (lagena: recipiente, copo).
É uma trepadeira rasteira, (alguns dizem que parece uma abobora pela forma que os frutos nascem) com folhas largas, espalhadas, simples, palmirenervas e enredadeiras. Flores unissexuais de cálice acampanado e ampla corola branca. Planta de clima tropical, seu plantio é no início do setembro, encontrando-se várias espécies na América do Sul.
Ok, agora sabemos do que é feita a nossa tradicional cuia. Mas não é só arrancar o porongo do pé e já sair cevando o mate. Antes, é preciso preparar a cuia. Segue, então, o modo de preparo das nossas cuias tradicionais do Rio Grande do Sul:
1º – Se o porongo for formado de duas partes, a cuia é retirada da parte menor: cabeça ou bico do porongo.
2º – Escolhido o feitio, é cortado antes ou depois do pescoço.
3º – Desbastar com uma faca bem afiada o bocal ou beiço da cuia, dando uma forma suave, boleada.
4º – Raspar com uma colher o seu interior, retirando o bagaço com as sementes.
5º – Agora temos uma cuia pronta para ser curada ou curtida. O ato de curar ou curtir é o preparo que se faz necessário antes de colocá-la em uso.
6º – No caso do porongo sem pescoço, formado de uma só parte, basta abrir um bocal e proceder da forma acima descrita.
7º – A abertura da cuia varia entre uma a três polegadas, embora nos porongos de beiço esparramado ou pescoço sua guela seja menor que a abertura.
Como que se cura uma cuia?
Cura-se uma cuia enchendo-a de erva-mate pura ou misturada com cinza vegetal e água quente. Essa mistura deve permanecer por dois ou três dias, sempre úmido, para que fique bem curtida, impregnando o gosto da erva em suas paredes. A cinza é para dar maior resistência ao porongo.
Passando o tempo determinado, retira-se a erva-mate da cuia, raspando com uma colher, para eliminar alguns baraços que tenham ficado.
Enxágua-se com água quente e estará curada ou curtida, pronta para entrar em uso. O mate ou cuia se cura cevando, isto é, à medida que vai sendo usada vai dando melhores mates.
Créditos ao livro “CEVANDO MATE” escrito por Glênio Fagundes e publicado pela editora Rígel.
