A programação desta quinta-feira na 15ª Jornada Nacional de Literatura traz professores e autores de outros países para debater sobre a cultura digital e as mudanças no paradigma da educação, advindas da evolução tecnológica.
Um dos convidados é o espanhol Cesar Coll, professor de Psicologia Evolutiva e da Educação na Faculdade de Psicologia, da Universidade de Barcelona. Cesar foi um dos principais coordenadores da reforma educacional espanhola e consultor do Ministério da Educação e Cultura na elaboração dos Parâmetros Curriculares Nacionais no Brasil.
Em entrevista concedida à imprensa, a reportagem da Rádio Planalto questionou o professor a respeito das principais diferenças de acesso à leitura entre o Brasil e a Espanha. De acordo com o professor, as tendências são muito parecidas em ambos os países. ” Os problemas são muito parecidos e os desafios também. Em um mundo tão globalizado como o que vivemos, acredito que as tendências sejam as mesmas em todos os lugares, porém, existem as especificidades de cada estado, pais. Mas mesmo com a falta de incentivo enfrentada, tenho a convicção de hoje se lê muito mais do que antigamente” destaca Cool.
Questionado sobre a interferência do desenvolvimento e da evolução tecnológica no processo de aprendizagem nas escolas e também em relação à leitura, o professor ressaltou que acredita que cada meio tem as suas restrições, tem a sua forma de leitura. O que faz a diferença é como o leitor interpreta o que lê, e isso independe do fato de estar lendo um livro ou um e-mail. “Não acredito que as novas plataformas interferem na proximidade do leitor com a leitura e também não acho que o sentido seja modificado. Nós precisamos ensinar os nossos alunos a ler e entender todas as plataformas, pois não podemos conter a evolução”, afirma Cool.
Sobre o panorama que vive a educação hoje, tanto no Brasil quanto na Espanha, Cool destaca que toda a educação se avalia da mesma forma, independente de estar em um país de primeiro ou terceiro mundo. “Em todo o mundo, para a educação se desenvolver e melhorar, é preciso tempo, formação dos educadores, apoio dos governos e condições adequadas de trabalho. São esses fatos que interferem na qualidade da educação e, consequentemente, no desenvolvimento do meio em que se vive.”
Cesar Cool divide o palco de debates com A. Furtado, da Universidade Católica Portuguesa; Massimo Canevacci, da Università degli Studi di Roma “La Sapienza”, e Nelson Pretto, da Universidade Federal da Bahia, na Conferência a quatro vozes -Convergências das mídias, que acontece hoje, a partir das 19h, no Portal das Linguagens.
Texto e fotos: Vanessa Lazzaretti