Neste domingo a Igreja celebra a dedicação da Basílica São João de Latrão, dedicada a Cristo Salvador, a Catedral de Roma, também considerada a Igreja mãe das igrejas da cidade de Roma e do mundo pelo seu significado para os cristãos. O início da sua construção representava uma nova era para os cristãos, o fim das perseguições e possibilidade de celebrar o culto livremente, sem estar com a vida em risco. A celebração desta memória e os textos litúrgicos sugeridos convidam refletir a importância dos nossos espaços sagrados para a oração, para o cultivo da fé e para a evangelização.
Estes espaços sagrados têm uma trajetória histórica que foi muito rica no que diz respeito a sua importância. Primeiramente os cristãos se reuniam nas sinagogas para rezar mantendo ainda elementos do culto judaico. Quando foram expulsos das sinagogas especialmente após os anos 70 d.C. passaram a se reunir nas casas, também porque eram os espaços oferecidos para anunciar o Evangelho de Jesus Cristo, escutar a Palavra e partilhar da Eucaristia. A evolução do processo de evangelização permitiu a construção das igrejas, dando condições para celebrar o mistério de Jesus de forma sóbria e solene.
A reunião da comunidade de fé no mesmo espaço é um sinal visível de comunhão eclesial. No espaço sagrado se reúnem pessoas com experiências diferentes, trajetórias diferentes. O que as une é a fé.
Tais espaços se caracterizam primeiramente pela acolhida. As igrejas são lugares para acolher a todos sem distinção. E aqui lembramos o ano de 2016, o ano extraordinário da misericórdia e o grande clamor para que se mantivesse as igrejas com as portas abertas a fim de que as pessoas pudessem manter o seu encontro pessoal com Deus ou participar dos momentos celebrativos. Mas também lembramos a dor que significou, durante a pandemia, ter que fechar as igrejas em nome da sanidade do povo. Era muito duro não ter que acolher as pessoas para rezar em comunidade e era muito difícil rezar na frente de uma tela de computar ou celular sem a presença do povo de Deus. Nossos espaços sagrados que eram para ter povo ficaram sem povo. Então compreendemos que igreja é para ter gente e acolher as pessoas para rezar e celebrar.
As igrejas são lugares de encontro, primeiramente com o Senhor. Isto porque o silêncio, a arquitetura, as formas permitem este mergulho no Senhor. Isto é muito bom. Sem dúvidas encontramos o Senhor em tantos outros lugares. Todavia, no espaço sagrado de uma igreja este encontro é todo especial. É também lugar de encontro com os irmãos. E estes se encontram para algo muito especial, para rezar. Neste sentido é lugar de oração, especialmente de oração. Outras coisas se fazem em outros lugares. Rezamos individualmente e rezamos como comunidade de fé mediados pelos ritos litúrgicos que são oferecidos. Encontrar-se para rezar é muito significativo. É a marca dos cristãos. Agimos como faziam aqueles homens e mulheres do primeiro século que: eram assíduos na oração (At 2,42).
A igreja é o lugar da escuta da Palavra. A sua configuração arquitetônica convida a esta atitude. Dá-se destaque especial à mesa da Palavra para a comunidade quando se reúne para celebrar, dirige o seu olhar e abre os ouvidos e o coração para acolher a Palavra de Deus. A Palavra ecoa e orienta a vida daquela comunidade e da pessoa como grande guia da vida de fé. O espaço sagrado da igreja favorece esta oportunidade ímpar para os cristãos.
A igreja, espaço sagrado, faz-se lugar para o encontro com a Eucaristia. A comunidade reunida, alimentada pela Palavra de Deus, consciente da riqueza da sua fé, encontra-se com Jesus que se doa na Eucaristia. E ali se dá uma grande troca de dons. Acolhemos Jesus eucaristia e O levamos às pessoas pelo nosso compromisso de fé. Nestes espaços sagrados, pela prece individual e pela oração comunitária busca-se a força para a missão, para viver os compromissos de fé. É fundamental para a vida cristã.
No dia em que se celebra a data da dedicação da Basílica de Latrão somos convidados a olhar para as nossas igrejas, nossos templos, lugares sagrados. São de suma importância para o cultivo da vida de fé e para a missão cristã. São grande sinal de unidade dos cristãos.
Pe. Ari Antonio dos Reis










