Repercutimos interessante reflexão do professor Alexandre Vieira, fazendo analogia da escada como uma forma de pensar educação. Esta crônica foi publicada no site no dia 05/10/2024.
“Em meus mais inspirados dias destes 25 anos de atuação pedagógica, aprimorei técnicas psicomotoras de desenvolvimento infantil na primeira infância que auxiliaram várias gerações a alcançarem uma passagem tranquila para alunos e professoras pela fase desafiadora do Fundamental I.
Modéstia à parte, a criatividade sempre foi fundamento de atividade e mesmo no desafiador período de tempos pandêmicos as aulas de educação física e psicomotricidade transformavam qualquer ambiente e objetos em ferramentas essenciais para o desenvolvimento neurofuncional.
Sim, as crianças aprendem a ler, a escrever, a calcular, a organizar, a distribuir e a pensar sobre as ações desenvolvidas lá mesmo, no pátio, na educação física.
Entre as ferramentas permanentes das minhas aulas, a escada sempre foi utensílio básico para o desenvolvimento cognitivo global de um grupo de crianças. O ato que parece simplista, desnecessário e até de risco para alguns, faz com que a criança estabeleça metas, objetivos, escalas de mudança, vença o medo, compreenda seus próprios limites, ganhe força, equilíbrio, estabilidade, espaço temporal, agilidade, utilize-se de membros superiores e inferiores, estimule a curvatura normal da coluna e na pior das visões pedagógicas e com licença poética, “Alcance o céu”.
Pois bem, o tempo passou, já não atuo mais na educação formal e o que vejo hoje é que parece não termos absorvido o impacto de precisarmos nos manter vivos diante da tecnologia, não aprendemos mais a subir escadas.
Recordo-me da minha professora de primeira série que parou uma aula inteira, por várias vezes, as atividades para me ensinar a colocar o pé um em cada degrau. Pois assim aprendi com minha mãe, deficiente física, e isso me atrasava e aos colegas. Lembrei de escolas privadas que não colocam crianças a subir escadas em razão de um possível “risco” e lembrei também das escolas públicas que enjaulam as crianças em sala, muitas vezes por falta de espaço ou em prol de uma disciplina que criança, família e escola não tem ou ainda para digitalizar as experiências pensando apenas na rede social da vez.
Pois bem, o tempo avança, inventamos a roda e ficamos muito mais rápidos, mas ouso aqui afirmar: a escada é uma invenção ainda mais sábia pois nos leva “ao céu ” um passo de cada vez. É preciso ensinar a subir escadas!”
FONTE: https://www.neipies.com/uma-escola-que-ensine-a-subir-escadas/
Autor: Alexandre da Rosa Vieira, Acadêmico Academia Passofundense de Letras, cadeira 26.