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UPF sedia painel sobre endividamento e abuso financeiro na terceira idade

O tema do endividamento e do abuso financeiro na terceira idade será abordado dentro da programação da III Semana de Combate e Enfrentamento à Violência Contra o Idoso. O evento acontece na quarta-feira, 17 de junho, às 9h, no auditório biomédico da Universidade de Passo Fundo (UPF), Campus II, em frente ao Hospital São Vicente de Paulo. O painel está sendo organizado pelo Balcão do Idoso, Secretaria Municipal de Cidadania e Assistência Social (Semcas), Ministério Público e Conselho Municipal do Idoso (Comui) e demais parceiros.

Um dos painelistas será o professor da Faculdade de Ciências Econômicas, Administrativas e Contábeis (Feac) e do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da UPF, Dr. Ginez de Campos. O professor ressalta que a violência financeira representa atualmente 21% das denúncias de abusos contra idosos, de acordo com dados da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência. Muitas das situações relacionadas ao endividamento do idoso são consequência da violência financeira, que é um problema cada vez mais crescente no país, enfatiza Campos.

O abuso financeiro (ou violência financeira) é a exploração imprópria ou ilegal dos idosos ou uso não consentido por eles de seus recursos financeiros e patrimoniais, falsificação de documentos jurídicos, negação do direito de acesso e controle dos bens, administração indevida do cartão do segurado do INSS.

Nos últimos anos, a terceira idade tem sido a faixa etária que mais se endividou, conforme um estudo do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil). É a que mais aumentou o número de calotes, que crescem duas vezes mais rápido entre consumidores com mais de 65 anos. A dívida mais comum entre os idosos é o chamado empréstimo consignado, que é descontado diretamente da sua aposentadoria ou pensão.

Uma grande parte deste endividamento está associada à obtenção de empréstimos para atender os interesses financeiros de filhos, netos, e outros. Por outro lado, os bancos e as  financeiras têm, nos idosos, um dos seus principais nichos de mercado e buscam ampliar e facilitar de forma agressiva os empréstimos consignados para este grupo etário. A família e os bancos têm sido os principais responsáveis pelo abuso financeiro contra os idosos.

Desde que foi autorizado, em 2004, o crédito consignado para pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) aumentou significativamente. Nos últimos seis anos, esses empréstimos cresceram 50% a mais do que as operações tradicionais. O empréstimo consignado movimenta R$ 243 bilhões por ano no país. Deste total, R$ 73 bilhões (30%) são relativos aos beneficiários do INSS.

Conforme o professor da UPF, muitas das queixas dos idosos geralmente são anônimas porque eles relutam em pedir ajuda e temem denunciar os próprios familiares. As denúncias de abuso financeiro contra idosos quadruplicaram no país entre 2011 e 2013, passando de 4 mil para 16,8 mil. O crescimento dos casos da chamada violência financeira, assim como os de negligência e violência psicológica contra idosos, tem preocupado muitos especialistas e tem sido objeto de debate em muitos eventos que abordam o tema do envelhecimento humano.

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